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Acidente Vascular Encefálico

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Definição: É uma doença cerebrovascular podendo acometer qualquer vaso cerebral e com isso, diferentes topografias geram diferentes apresentações clínicas.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que até 2030, o Acidente Vascular Encefálico (AVE) continue sendo a segunda maior causa de mortes no mundo, sendo responsável por 12,2% dos óbitos previstos para o ano.

No Brasil, entre as principais causas de morte, as doenças cerebrovasculares estão em primeiro lugar, seguidas do infarto agudo do miocárdio.

    Quais são as causas do AVE?
  • Os fatores de risco modificáveis precisam ser controlados pelo médico. Nas doenças cerebrovasculares, o vaso pode ser obstruído por um trombo e/ou êmbolo levando a oclusão parcial ou total do fluxo sanguíneo, ou simplesmente romper e levar ao extravasamento de sangue para o parênquima cerebral.
    Quais fatores de risco não são modificáveis?
  • Idade avançada;
  • Sexo masculino;
  • Etnia negra.
    Quais fatores de risco podem eventualmente ser modificáveis?
  • Hipertensão arterial sistêmica;
  • Diabetes mellitus;
  • Tabagismo.
    Como reduzir os fatores de risco?
  • Deve-se orientar a população a seguir uma alimentação balanceada, evitar a obesidade, parar de fumar e praticar exercícios físicos regulares;
  • O tratamento de certas doenças, como: hipertensão arterial, diabetes, hiperlipidemia e fibrilação atrial são importantes na prevenção do AVE.
    Quais são os sinais de alerta para um AVE?
  • Paralisia ou fraqueza súbita facial;
  • Alteração motora em braço ou perna, mais frequentemente em um lado do corpo;
  • Dormência na face, braço ou perna, especialmente de um lado do corpo;
  • Dificuldade na fala ou no entendimento;
  • Distúrbio da visão em um ou nos dois olhos;
  • Alteração da marcha, tontura, desmaio, perda de equilíbrio ou coordenação;
  • Dor de cabeça de causa desconhecida.
    Como utilizar a Escala de Cincinatti para fazer o diagnóstico de AVE?
  • O teste da Escala de Cincinatti é aplicado em menos de um minuto, em três perguntas, com uma taxa de acerto de diagnóstico para AVC igual a 72%;
  • Se algum dos testes apresenta uma resposta anormal, o paciente deve estar apresentando um acidente vascular cerebral e deve ser conduzido a um hospital o quanto antes.
Escala Pré-hospitalar para AVC de Cincinnati
Sinal ou Sintoma Como Testar Normal Anormal
Queda facial Pede-se para o paciente mostrar os dentes ou sorrir Ambos os lados
da face movem-se igualmente
Um lado da face não se move tão bem quanto o outro
Debilidade dos braços O paciente fecha os olhos e mantém os braços estendidos Ambos os braços movem-se igualmente ou
não se movem
Um braço não se move ou cai baixo, quando comparado com o outro
Fala anormal Pede-se para o paciente dizer
“o rato roeu a roupa do rei de Roma"
Usa as palavras corretas, com pronúncia clara Pronuncia palavras ininteligíveis, usa palavras incorretas ou é incapaz de falar

Texto alternativo para a imagem Escala de Cincinatti


    Como o AVE pode se manifestar?
  • Isquêmica: Obstrução do vaso, dificultando o suprimento de oxigênio e substratos ao tecido cerebral;
  • Hemorrágica: Extravasamento de sangue dentro ou em volta das estruturas do sistema nervoso central.

Dentre as doenças cerebrovasculares, cerca de 85% dos AVE são de origem isquêmica e 15% hemorrágicas. Entre as hemorrágicas, cerca de 10% são hemorragias intraparenquimatosas, e 5% são hemorragias subaracnóideas.

Ao chegar na emergência, o exame indicado é uma tomografia de crânio sem contraste. Exame é importante por excluir hemorragias intraparenquimatosas. Muitas vezes, o exame é normal e precisa ser repetido 24-48 horas após o evento.

Clinicamente, não tem como saber se o déficit neurológico é por AVE isquêmico ou hemorrágico. A neuroimagem é essencial.

    Como é feito o tratamento de um paciente com AVE?
  • O atendimento de emergência pode ser dividido em duas fases;
  • Fase pré-hospitalar: os cuidados iniciam com o reconhecimento precoce de um AVE;
  • Fase hospitalar: os cuidados iniciam na chegada no Pronto Atendimento (PA);
  • O atendimento pré-hospitalar deve centralizar-se na rápida identificação e avaliação do paciente com AVC agudo, seguido de um transporte rápido com notificação pré-chegada, para uma unidade com capacidade de administrar a terapêutica apropriada para o caso.

Tempo é cérebro! Por isso quanto mais rápido chegar à unidade de emergência, mais rápido será o diagnóstico e o tratamento.

O uso de trombolíticos só pode ser utilizado até 4h30min. Quanto mais cedo maiores são as chances de reversão dos déficits. Sempre respeitando os critérios de elegibilidade.

Outro tratamento padrão é a trombectomia, a janela terapêutica é de 6 horas, porém necessita de profissional e centro de hemodinâmica disponível no hospital. Sempre respeitando os critérios de elegibilidade.

O tratamento dos acidentes vasculares hemorrágicos, é centrado na avaliação neurocirúrgica sobre a necessidade de drenagem ou não, assim como no controle da hipertensão intracraniana, se presente.

    O prognóstico nas doenças cerebrovasculares depende caso a caso, pois ocorrem diferentes apresentações a depender da artéria e território vascular comprometido. As sequelas serão diferentes, assim como a reabilitação é avaliada de forma individualizada.
    O que fazer para ajudar a população a evitar um AVE?
  • A educação da comunidade é uma estratégia essencial para fazer identificação e prevenção dos fatores de risco de AVE, a constatação de sinais e sintomas que o paciente apresenta e a rápida busca, pelo paciente, seus familiares ou amigos, de um Serviço Médico de Emergência (SME) em tempo hábil para um tratamento efetivo.

Autor(a) principal: Felipe Nobrega (Neurologia).

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