' Angina e Infarto do Miocárdio - Prescrição
Conteúdo copiado com sucesso!

Angina e Infarto do Miocárdio

Voltar
    Definição: A angina e o infarto do miocárdio são a mesma doença em momentos diferentes. Ambas ocorrem, na grande maioria das vezes, por aterosclerose das artérias coronárias.
  • Aterosclerose: é o processo de acúmulo de gordura na parte interna das artérias;
  • Coronárias: são as artérias (vasos sanguíneos) que levam o sangue para o coração.
    O que causa a angina e o infarto do miocárdio?
  • Quando a placa de gordura cresce ao ponto de obstruir grande parte do vaso sanguíneo (mais de 70%), pode ocorrer dor quando o coração necessita de mais sangue para bater com mais força e mais rápido. Esses momentos acontecem geralmente quando há algum esforço físico (corrida, subir escadas, uma marcha mais acelerada) ou quando ocorre algum abalo emocional;
  • A dor tende a melhorar com a calmaria ou com o repouso. Quando isso não ocorre, podemos estar diante de um infarto.
    O coração dói? Como é a dor?
  • O coração dói, porém, como ele não tem muitas terminações nervosas, a dor não é muito bem localizada e pode-se confundir com outras dores;
  • A dor típica da angina e do infarto é uma dor em aperto ou opressão, no centro do peito ou um pouco para esquerda, geralmente de forte intensidade que obriga a pessoa a parar o que está fazendo;
  • A dor pode se irradiar para o braço esquerdo e para o pescoço e mandíbula;
  • Algumas pessoas podem ter uma dor totalmente atípica, sendo confundida por vezes com dores na barriga ou até dor no dente;
  • Existem outros tipos de dor no peito que não necessariamente são infarto. Cabe ao médico fazer essa diferenciação. Importante frisar que formigamento nas mãos e nos braços não são sintomas de infarto.
    Qual a diferença entre infarto e angina?
  • A angina é a dor no peito estável, ou seja, ela só aparece quando se faz esforço ou se passa por abalo emocional. Tende a melhorar com o repouso e a calmaria. Já no infarto, a dor pode surgir mesmo no repouso. Ela pode não melhorar, obrigando a pessoa a procurar um serviço de emergência;
  • O mecanismo das duas difere na seguinte situação: enquanto na angina a placa de gordura obstrui parte significativa do vaso, gerando dor quando o coração precisa bate mais forte, no infarto, a placa de gordura tende a se romper, expondo o material gorduroso ao sangue e formando um coágulo que oclui de maneira súbita todo o vaso. Portanto, a angina é a forma crônica da doença, enquanto o infarto é a forma aguda.
    Como saber se a dor no peito é do coração?
  • Alguns exames são capazes de provocar a dor no coração e fazer o diagnóstico de angina;
  • Teste de esforço: coloca-se o paciente para andar em uma esteira com monitor cardíaco e de pressão. Inicia-se o exercício de maneira leve, incrementando a intensidade conforme o tempo. Nesse exame, o médico analisa diversas variáveis que podem indicar se a dor é do infarto ou não;
  • Cintilografia do miocárdio : a cintilografia do miocárdio une o teste de esforço a um exame de imagem. No pico do exercício é injetado na veia um traçador radioativo, que é captado em uma máquina. A distribuição do traçador pelo coração visto por uma imagem que a máquina cria nos diz se o traçador, e consequentemente o sangue, estão chegando de forma correta em todas as partes do coração. Para título de comparação, o exame é feito em repouso e no esforço. O esforço pode ser simulado através de um remédio para pessoas que não podem andar na esteira;
  • Ecocardiograma de esforço : o paciente realiza o teste de esforço e logo em seguida deita na maca para um ultrassom do coração. Se houver doença, algumas paredes do coração não irão se contrair adequadamente. O esforço pode ser simulado com remédio;
  • Ressonância do coração: a ressonância pode ver o coração, assim como o ecocardiograma. Nesse exame, ainda é capaz de se injetar contraste no sangue para ver possíveis cicatrizes de infartos anteriores ou inflamações geradas por infartos agudos.
    Como sei se estou infartando e o que fazer?
  • Os principais sintomas do infarto são:
    • Dor no peito em aperto de forte intensidade;
    • A dor não melhora com repouso e dura mais que 10 minutos;
    • Pode vir acompanhada de suor frio, palpitação ou coração acelerado, enjoo e vômitos;
    • Pode ocorrer falta de ar e respiração rápida;
    • Caso isso aconteça, marque bem o horário do início da dor e procure um serviço de emergência o quanto antes.
    Quais as próximas etapas após chegar ao hospital?
  • Eletrocardiograma: a primeira coisa a se fazer quando há suspeita de infarto é um eletrocardiograma. Esse exame é capaz de detectar alterações que a doença pode causar no coração e de determinar o tipo de tratamento a seguir;
  • Medicação: mantendo a suspeita de infarto, o médico vai prescrever medicações para aliviar a dor e tratar a doença (medicamentos que evitam a formação de novos coágulos, que reduzem as batidas e o esforço do coração e que reduzem o colesterol). O tratamento do infarto melhorou muito ao longo dos anos, ao passo que a maioria das pessoas que procuram a emergência com esses sintomas se recuperam bem quando bem assistidas;
  • Enzimas cardíacas: em paralelo à medicação, colhe-se amostras de sangue para dosar as enzimas cardíacas. No infarto, as enzimas cardíacas sobem em curva, ou seja, são inicialmente negativas e vão aumentando ao longo do tempo, portanto são necessárias várias coletas de sangue para confirmar ou descartar a doença;
  • Ecocardiograma: é um ultrassom do coração, ele vai mostrar como o coração ficou após o infarto, se o infarto o prejudicou muito ou pouco a função do coração;
  • Radiografia do tórax: a radiografia do tórax no infarto serve basicamente para excluir outras doenças que possam fazer diagnóstico diferencial;
  • Cateterismo: é um exame invasivo, com uma taxa mínima de complicações que visa injetar contraste nas artérias coronárias a fim de localizar as obstruções do vaso. O momento da realização do cateterismo vai depender da gravidade do quadro, podendo ser indicado de imediato, 24 ou 48 horas após o evento inicial.
    O que acontece após o cateterismo?
  • Após o cateterismo, o médico cardiologista irá definir os próximos passos do tratamento. É importante salientar que todos os pacientes receberão tratamento pleno com medicamentos e, após o cateterismo, poderão receber uma terapia adicional. As três possibilidades são as seguintes:
    • Manter apenas o tratamento clínico;
    • Colocar um stent ;
    • Fazer cirurgia de revascularização (pontes de safena e mamárias).
    Existe chance de novo infarto?
  • Sempre existe risco para um novo infarto, ninguém está livre de infartar. O que se deve fazer é reduzir ao máximo o risco de um novo episódio.
    Existe chance de novo infarto?
  • Sempre existe risco para um novo infarto, ninguém está livre de infartar. O que se deve fazer é reduzir ao máximo o risco de um novo episódio.
    O que fazer após o infarto para evitar um novo infarto?
  • Tome regularmente os remédios: alguns remédios aliviam os sintomas e outros prolongam a vida e melhoram a força do coração. Além disso, eles previnem as descompensações e evitam internações, por isso devem ser tomados religiosamente como prescritos, mesmo que o paciente não tenha nenhum sintoma da doença;
  • Trate doenças em paralelo: manter um bom controle da hipertensão e diabetes é fundamental para evitar novos infartos. Essas doenças estão implicadas na origem do infarto e seu controle deve ser rigoroso;
  • Evite o sal: o sal pode aumentar a pressão, o que piora a doença;
  • Pratique atividade física: quando estamos bem condicionados fisicamente, nosso coração consegue bombear o sangue com maior eficiência, portanto é preciso ter uma rotina diária de exercícios físicos conforme indicação médica;
  • Perca peso: caso esteja acima do peso, perder peso pode ajudar a reduzir a pressão arterial, além de eliminar o trabalho extra que o seu coração vai ter;
  • Pare de fumar: fumar aumenta as chances de ter um infarto e morrer;
  • Limite a ingesta de álcool: homens devem beber no máximo duas doses ao dia, enquanto mulheres, apenas uma. Caso a doença tenha acontecido devido ao uso do álcool, é sugerível abandonar esse hábito;
  • Coma melhor: deve-se evitar dietas ricas em gorduras saturadas e açúcar. É sempre bom dar preferência a carnes brancas, legumes, vegetais e frutas;
  • Evite a automedicação: alguns medicamentos podem piorar a doença, principalmente o uso de anti-inflamatórios. É recomendável tomar apenas medicamentos prescritos pelos médicos.

Autor(a) principal: Gabriel Quintino Lopes (Clí­nica Médica e Cardiologia).

    Equipe adjunta:
  • Daniele Tokars Zaninelli (Clínica Médica e Endocrinologia);
  • Gustavo Guimarães Moreira Balbi (Clínica Médica e Reumatologia);
  • Lívia Pessôa de Sant'Anna (Clínica Médica e Hematologia);
  • Maikel Ramthun (Clínica Médica, Nefrologia e Medicina Intensiva).

Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Bianco HT, Chacra APM, Bertoluci MC et al. Diretriz brasileira baseada em evidências sobre prevenção de doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes: posicionamento da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Arq Bras Cardiol 2017; 109(6Supl.1):1-31.

Faludi AA, Izar MCO, Saraiva JFK, Chacra APM, Bianco HT, Afiune Neto A et al. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017. Arq Bras Cardiol 2017; 109(2Supl.1):1-76.

Feres F, Costa RA, Siqueira D, Costa Jr JR, Chamié D, Staico R et.al. Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista sobre Intervenção Coronária Percutânea. Arq Bras Cardiol 2017 109(1Supl.1):1-81.

Cesar LA, Ferreira JF, Armaganijan D, Gowdak LH, Mansur AP, Bodanese LC, et al. Diretriz de Doença Coronária Estável. Arq Bras Cardiol 2014; 103(2Supl.2): 1-59.

Piegas LS, Timerman A, Feitosa GS, Nicolau JC, Mattos LAP, Andrade MD, et al. V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Arq Bras Cardiol. 2015; 105(2):1-105.

Nicolau JC, Timerman A, Marin-Neto JA, Piegas LS, Barbosa CJDG, Franci A, Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnível do Segmento ST. Arq Bras Cardiol 2014; 102(3Supl.1):1-61.