Definição:
Lesões de pele, ou até internas, nas regiões dos pés e pernas de pacientes diabéticos, que podem complicar com infecções ou problemas de circulação.
O que causa o pé diabético?
A diabetes ocasiona algumas alterações no corpo, principalmente quando não está bem controlada. As alterações de sensibilidade, de cicatrização, entre outras, contribuem para o aparecimento das lesões dos pés diabéticos;
Como o paciente com diabetes possui diminuição da sensibilidade, é comum de ocorrerem feridas sem que ele perceba. Quando essas feridas acontecem nos pés (por andar descalço, ou com calçados que machucam, por exemplo) elas tendem a piorar se não forem localizadas a tempo;
A dificuldade de cicatrização ocasionada pela diabetes torna essas feridas mais complicadas de serem tratadas.
Quais são os fatores de risco para o pé diabético?
Diabetes é condição necessária para o aparecimento de pé diabético. Quando descontrolada, aumenta as chances de acontecer;
Deformidades do pé, alterações da visão, dificuldades de caminhar e ressecamento da pele dos pés são fatores de risco;
Alguns hábitos aumentam o risco de aparecimento de pé diabético. Veja no tópico "Prevenção".
Quais os fatores de risco para uma ferida no pé infectar?
Feridas profundas, com acometimento ósseo, e aquelas com duração superior a 30 dias ou recorrentes são fatores de risco para infecção.
Quais são os sintomas graves de um pé diabético?
Lesões muito profundas, que chegam a atingir osso ou tendões, bem como aquelas com infecções ou com comprometimento da circulação sanguínea local são mais graves.
Como avaliar o pé diabético?
Através de exame detalhado dos pés, que deve ser realizado regularmente. Exames laboratoriais e de imagem também podem ser solicitados;
As feridas são classificadas de acordo com suas características e gravidade com a avaliação do médico.
Como é realizado o tratamento do pé diabético?
O tratamento é realizado de acordo com a classificação da lesão;
Lesões superficiais sem infecção podem ser acompanhadas com orientações, tratamento com uso de pomadas prescritas pelo médico e até desbridamento, que é um procedimento de "limpeza" médica da ferida;
Lesões com infecção precisam ser tratadas com antibióticos e necessitam mais atenção, podendo necessitar também de desbridamento;
Lesões com dificuldade de circulação sanguínea precisam passar por avaliação de cirurgião vascular e podem passar por procedimentos cirúrgicos;
Aquelas lesões muito graves, geralmente com infecção associada à problemas de circulação, podem necessitar de amputação.
O pé diabético é um problema grave?
Existem desde lesões simples até mais graves. Realizando o controle da diabetes e outras orientações devidas (veja em "Prevenção", abaixo), as feridas podem ser controladas sem necessidade de abordagem cirúrgica;
Lesões graves, infectadas e com problemas de circulação sanguínea podem ser mais complicadas, podendo necessitar de amputação;
O médico irá avaliar e classificar a lesão de acordo com alguns critérios. A partir dessa avaliação que se define o tratamento.
Quais as medidas para prevenção de um agravamento?
Realizar a inspeção diária dos pés (seja o próprio paciente com a ajuda de um familiar ou um cuidador orientado), incluindo as áreas entre os dedos;
Realizar higiene regular dos pés, seguida de secagem cuidadosa, principalmente entre os dedos;
A temperatura da água deve estar sempre inferior a 37°C, para evitar o risco de queimadura;
Evitar andar descalço, seja em ambientes fechados ou ao ar livre;
O uso de meias claras ao utilizar calçados fechados deve ser estimulado, sempre que possível, bem como meias com costura de dentro para fora ou, de preferência, sem costura, procurando trocar de meias diariamente;
Realizar a inspeção diária da parte interna dos calçados, à procura de objetos que possam machucar os pés, dando preferência ao uso de calçados confortáveis e de tamanho apropriado e evitando o uso de sapatos apertados ou com reentrâncias e costuras irregulares;
O uso de cremes ou óleos hidratantes para pele seca pode ajudar, porém deve-se evitar usá-los entre os dedos;
Procurar cortar as unhas em linha reta;
Calos e calosidades devem ser avaliados e tratados pela equipe de saúde;
Realizar a reavaliação dos pés com a equipe de saúde pelo menos uma vez ao ano e procurar imediatamente a Unidade de Saúde se uma bolha, corte, arranhão ou ferida aparecer.
Autor(a) principal:
Luiza Ruschel Siffert (Clínica Médica, Endocrinologia e Nutrologia).
Revisor(a):
Renato Bergallo (Medicina de Família e Comunidade).
Ministério da Saúde (BR). Manual do pé diabético. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.
Duncan BB, Schmidt MI, Giuliani ERJ. Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3a ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
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