' Mordedura de Cachorro - Prescrição
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Mordedura de Cachorro

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Introdução: A maioria das mordeduras por animais acontece nas extremidades do corpo, embora cabeça e pescoço também possam ser afetadas. Cerca de 90% das mordeduras são causadas por cães.
    Quais são as orientações gerais de primeiro atendimento?
  • Lavar com água e sabão e, se possível, com antissépticos (ex.: Solução iodada, Clorexidina);
  • Aplicar pressão local para conter sangramento;
  • Não fazer torniquete;
  • Buscar atendimento de urgência.

Condutas Hospitalares

    Quais são os procedimentos na conduta hospitalar (quando necessário)?
  • Anestesia local;
  • Lavagem com SF 0,9% abundante;
  • Desbridamento da ferida com remoção de tecidos mortos e sujidade visível;
  • A maioria das feridas por mordedura de cachorro não deve ser suturada, pois há risco de infecção;
  • Pesar risco/benefício entre infecção e melhora estética;
  • Exceções que não podem ser suturadas: Feridas puntiformes, feridas em mãos e pés, feridas com mais de 12 horas de evolução ou 24 horas se em face, feridas em imunocomprometidos e feridas em locais de estase venosa;
  • Realizar curativo.

Condutas Específicas (Profilaxias)

Quais são as condutas específicas indicadas?

    Antibióticos. Indicações:
  • Feridas profundas;
  • Feridas em extremidades, face e região genital;
  • Feridas próximas a ossos ou articulações;
  • Feridas em local de insuficiência venosa ou linfática;
  • Pacientes imunocomprometidos;
  • Feridas que serão suturadas;
  • Feridas com mais de 8 horas de evolução.
    Esquemas:
  • 1 a escolha: Amoxicilina + clavulanato 50 mg/kg/dia de 8/8 horas VO, por 7-10 dias (dose máxima: 500 mg/dose);
  • Alternativas: Metronidazol ou Clindamicina + Penicilinas ou Cefalosporinas (1ª ou 2ª geração) ou Doxiciclina ou Sulfametoxazol + trimetoprima ou quinolonas.
    Qual é a conduta indicada para o tétano?
  • Vacina contra tétano:
    • Paciente não vacinado ou com esquema incompleto: Realizar esquema completo (3 doses) com vacina adequada para a idade;
    • Paciente com última vacina há menos de 5 anos: Não é necessário realizar nova dose;
    • Paciente com última vacina entre 5-10 anos: Vacinar com dT se ferida de alto risco (feridas não pequenas, feridas com mais de 12-24 horas de evolução, feridas sujas);
    • Paciente com última vacina há mais de 10 anos: Aplicar dT.
  • Imunoglobulina contra tétano: Apenas nos pacientes não vacinados com feridas de alto risco.
    Como são classificados os acidentes com risco de evoluir com Raiva Humana pelo Ministério da Saúde (2022)?
  • Acidentes leves: M ordedura ou arranhadura superficial no tronco ou nos membros (exceto mãos e pés) e lambedura de lesões superficiais preexistentes;
  • Acidentes graves: M ordedura ou arranhadura nas mucosas, no segmento cefálico, nas mãos ou nos pés, mordedura e/ou arranhadura múltipla ou extensa, em qualquer região do corpo, mordedura ou arranhadura profunda, mesmo que puntiforme, lambedura de lesões profundas ou de mucosas, mesmo que intactas, mordedura ou arranhadura causada por mamífero silvestre.
    Qual é a conduta indicada para a evitar a raiva, além de sempre lavar a ferida com água e sabão?
  • Cachorro observável sem suspeita de raiva no momento da agressão com acidente leve: Observar o cachorro por 10 dias. Se o animal permanecer saudável após esses dias, não vacinar nem administrar soro e encerrar observação. Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, ir ao posto de saúde ou hospital da rede pública para aplicação de 4 doses da vacina via IM (dias 0, 3 , 7 e 14);
  • Cachorro observável sem suspeita de raiva no momento da agressão com acidente grave: Observar o cachorro por 10 dias. Se o animal permanecer saudável após esses dias, não vacinar nem administrar soro e encerrar observação. Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, ir ao posto de saúde ou hospital da rede pública para aplicação de 4 doses da vacina via IM (dias 0, 3 , 7 e 14) e soro antirrábico;
  • Cachorro não observável com acidente leve: Vacinas via IM em D0, D3, D7 e D14;
  • Cachorro não observável com acidente grave: Vacinas via IM em D0, D3, D7 e D14 e soro antirrábico;
  • Atenção! Orientar o paciente a não faltar à vacinação e ao seguimento.
    Quando o paciente deve procurar imediatamente o posto de saúde ou hospital?
  • Caso o cachorro observável morra, desapareça ou se torne raivoso, pois pode ser necessário aplicar o soro antirrábico, iniciar ou prosseguir o esquema de vacinação. [cms-watermark]

Acompanhamento

    Qual acompanhamento deve ser feito?
  • Acompanhamento diário com remoção do curativo para observação da ferida até cicatrização.
    Qual é o prognóstico de pessoas que sofreram mordedura de cachorro?
  • Pessoas com lesões profundas geradas por mordeduras de cachorro têm alta chance de evoluir com infecção bacteriana da ferida;
  • É fundamental que recebam medidas de prevenção para tétano e raiva, pois ambas as doenças não têm cura, sendo letais.

Autoria principal: Gabriela Guimarães Moreira Balbi (Pediatria pela UFPR e Reumatologia Infantil pela UNIFESP).

Jaindl M, Oberleitner G, Endler G, et al. Management of bite wounds in children and adults-an analysis of over 5000 cases at a level I trauma centre. Wien Klin Wochenschr. 2016; 128(9-10):367-75.

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Kliegman R, St. Geme JW. Nelson Textbook of Pediatrics. 21st ed. Philadelphia: Elsevier; 2020.

Governo do Estado de São Paulo (BR). Norma técnica do programa de imunização. São Paulo: [cms-watermark] Governo do Estado; 2016.

Ministério da Saúde (BR). Nota Informativa nº 26-SEI/2017-CGPNI/DEVIT/SVS/MS [internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2017.

Ministério da Saúde (BR). Cartaz sobre Raiva - Quadro [Internet]. Brasília: Ministério da Saúde; 2022.