Definição:
A picada de inseto pode advir de qualquer inseto que tenha a capacidade de picar (ex.: mosquitos, pulgas e carrapatos).
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico pe clínico, observando-se lesões papulares eritematosas e papulovesiculares, que podem ser cobertas por crostas hemáticas;
Geralmente essas lesões ocorrem em áreas expostas, principalmente em regiões extensoras de membros inferiores e superiores, quando causadas por mosquito ou pernilongo;
Localizadas também no tronco, quando o agente é percevejo ou pulga, cujas picadas geralmente resultam em 2-3 pápulas em grupos de 2-3 em disposição linear e próxima a elásticos de roupas ou fraldas;
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Podem ser observadas escoriações por conta do prurido;
No caso de prurigo estrófulo (reação de hipersensibilidade – doença inflamatória e alérgica a picada de insetos), podem aparecer também erupções maculopapulares (alterações avermelhadas, algumas elevadas e outras planas), quee desaparecem após algumas horas, permanecendo apenas as lesões papulares ou papulovesiculares.
Quais são as principais complicações que podem ocorrer por conta de picada de inseto?
Dor no local;
Coceira (prurido);
Infecção bacteriana secundária só na área da lesão ou complicação com celulite, menos frequentemente com artrite, miosite, osteomielite e, se for na área da face, meningite;
Arboviroses:
Dengue, febre amarela, Zika e Chikungunya;
Prurigo estrófulo;
Doença de Lyme (transmitida por carrapato e causada por bactérias do gênero
Borrelia
).
Como tratar as lesões de picada de inseto que estão muito inflamadas e provocam muita coceira (altamente pruriginosas)?
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Usar fina camada de creme ou pomada de corticoide de média a alta potência tópica apenas sobre as lesões de picada de inseto que estão mais inflamadas 1x/dia, por até 5 dias, como:
Mometasona creme a 0,1%;
Mometasona pomada a 0,1%;
Metilprednisolona creme a 0,1%;
Betametasona creme a 0,1%;
Betametasona pomada a 0,1%.
Qual o melhor anti-histamínico a ser prescrito para caso de muito prurido (coceira) e quando há grande número de lesões de picadas de inseto?
Para melhorar o sono e a irritabilidade, prescrever anti-histamínico de primeira geração
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por 3-7 dias (ex.: Dexclorfeniramina ou Hidroxizina);
Para pacientes em idade escolar, que podem apresentar sonolência com anti-histamínico de primeira geração e ter seu rendimento escolar prejudicao, prescrever anti-histamínico de segunda geração
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por 3-7 dias (ex.: Fexofenadina ou Desloratadina).
O que fazer se houver infecção secundária em poucas lesões ou não houver repercussão sistêmica?
Prescrever Mupirocina creme a 2%:
Aplicar fina camada 3x/dia, por 7 dias, nas lesões infectadas.
O que fazer se complicar com celulite?
Se a lesão ainda estiver pequena, iniciar Cefalexina 50-100 mg/kg/dia de 6/6 horas VO por 7 dias;
Se a lesão for grande, facial, próxima à articulação e/ou não estiver respondendo à Cefalexina, internar para fazer antibioticoterapia endovenosa com Oxacilina e avaliar necessidade de associar Vancomicina.
Quais as medidas para prevenção de picadas de insetos e das alergias provocadas por elas e doenças que transmitem?
Usar repelentes em crianças com mais de 2 meses de idade – atentar para as marcas que permitem o uso antes de 6 meses;
Usar roupas claras, de mangas longas e calças compridas;
Usar telas e mosquiteiros nas janelas e nas portas;
Aplicar Permetrina spray a 0,5% em janelas, mosquiteiros e roupas, mas não aplicar diretamente sobre a pele;
Eliminar focos de criação de mosquito.
Qual o mecanismo de ação do repelente?
Os repelentes apresentam odor, cujo objetivo é afastar os insetos com a camada de vapor que originam. Sua eficácia varia conforme:
A composição e a concentração do repelente;
A pele do paciente;
O sexo do paciente (menos eficaz em pacientes do sexo feminino);
A umidade e as fragrâncias florais.
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Quais os repelentes mais indicados por faixa etária?
Lactentes
< 6 meses de idade:
Podem usar repelente com Icaridina 10%. Ex.: SBP
®
baby, Exposis
®
bebê;
Lactentes de
6 meses a 2 anos de idade:
Podem usar repelentes que contenham IR3535 (duram até 4 horas e podem ser aplicados até 1x/dia). Ex.: Johnson's
®
Repelente Loção Antimosquito;
Crianças entre 2 e 7 anos de idade:
Podem usar repelentes que contenham uma das substâncias a seguir:
IR3535 (duram até 4 horas e podem ser aplicados até 2x/dia). Ex.: Johnson's
®
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;
Repelente Loção Antimosquito; Icaridina 20-25% (duram até 10 horas e podem ser aplicados até 2x/dia). Ex.: Exposis
®
Infantil spray;
DEET infantil 6-9% (duram de 2-6 horas e podem ser aplicados até 2x/dia). Ex.: OFF
®
Kids loção.
Crianças
a partir de 7 anos de idade:
P
odem usar repelentes que contenham uma das substâncias a seguir:
IR3535 (duram até 4 horas e podem ser aplicados até 3x/dia). Ex.: Johnson's
®
Repelente Loção Antimosquito;
Icaridina 20-25% (duram até 10 horas e podem ser aplicados até 3x/dia). Ex.: Exposis
®
Infantil spray;
DEET infantil 6-9% (duram de 2-6 horas e podem ser aplicados até 3x/dia). Ex.: Autan
®
(aerosol, loção, spray), OFF
®
(loção, spray), OFF
®
Kids loção.
Observação!
De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia e Stefani et al. (2009) e conforme os repelentes disponíveis no Brasil.
Quais as outras orientações sobre uso de repelentes?
Ler o rótulo dos repelentes antes de aplicar o produto;
Para crianças, preferir repelentes em loção cremosa aos em spray;
Aplicar pequena quantidade do repelente externamente nas roupas, mas
não
por baixo delas;
Para aplicar repelente no rosto da criança, o responsável primeiro deve passá-lo na palma das próprias mãos e, depois, usar só o suficiente na face e em torno das orelhas, evitando totalmente a boca e os olhos;
Não aplicar próximo a lesões de pele, olhos, boca e nariz;
Não dormir com o repelente no corpo;
Não aplicar na mão das crianças, pelo risco de colocarem a mão na boca ou nos olhos;
Sempre lavar as mãos após aplicar o repelente;
Guardar sempre o rótulo do repelente;
Os repelentes sempre devem ser mantidos fora do alcance das crianças pelo risco de intoxicação;
Evitar uso concomitante com filtro solar, pois reduz a eficácia;
Em caso de intoxicação, entrar em contato com a central de intoxicações e procurar o serviço de emergência.
Autoria principal:
Renata Carneiro da Cruz (Pediatria pela UERJ e SBP).
Revisão:
Dolores Silva (Pediatria pela UERJ);
Gabriela Guimarães Moreira Balbi (Pediatria pela UFPR e Reumatologia Infantil pela UNIFESP).
Sociedade Brasileira de Pediatria. Evitar o Mosquito. Rio de Janeiro: SBP; 2016.
Sociedade Brasileira de Dermatologia. Departamento de Dermatologia Pediátrica da SBD. Guia sobre uso de repelentes para se prevenir do Aedes aegypti. Rio de Janeiro: SBP; 2015.
Sociedade Brasileira de Pediatria. Uso do repelente de insetos em crianças. Rio de Janeiro: SBP; 2015.
Stefani GP, Pastorino AC, Castro APBM, et al. Repelentes de insetos: recomendações para uso em crianças. Rev Paul Pediatr. 2009; 27(1):81-9.
Carvalho VO, Cerqueira AMM, Bau AEK, et al. Picadas de Inseto Prurigo Estrófulo ou Urticária Papular. Rio de Janeiro: Departamento Científico de Dermatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria; 2016.