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Anticoncepção Hormonal

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Definição: Entre os métodos contraceptivos hormonais, destacam-se: contraceptivo oral (pílula), [cms-watermark] sistema intrauterino liberador de Levonorgestrel (SIU-LNG), contraceptivo injetável, implante de progestagênio, contraceptivo transdérmico (adesivo) e anéis vaginais.

A assistência em contracepção deve ser imparcial e abranger todas as técnicas disponíveis com suas respectivas taxas de efetividade, critérios de elegibilidade, indicações, contraindicações e possíveis efeitos colaterais para que a mulher ou o casal tenham as informações necessárias para escolher o método mais adequado à sua realidade.

O indicador mais utilizado para avaliar a efetividade é o índice de Pearl (IP), que mede o número de gestações a cada 100 mulheres no primeiro ano de uso do método. A taxa de gravidez sem uso de alguma estratégia contraceptiva é de 85 gestações a cada 100 mulheres em 1 ano.

Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a atualização das orientações definindo novos critérios de elegibilidade para o emprego de métodos anticoncepcionais, aprimorando as recomendações que dizem respeito aos fatores de saúde das mulheres e à possibilidade de uso de métodos contraceptivos femininos reversíveis altamente efetivos.

    Critérios de elegibilidade:
  • Categoria 1: use o método em qualquer circunstância;
  • Categoria 2: geralmente use o método;
  • Categoria 3: geralmente não é recomendado que se use o método, a menos que outros mais apropriados não estejam disponíveis ou não sejam aceitos;
  • Categoria 4: não use o método, os riscos são inaceitáveis.

O Centers for Disease Control and Prevention [cms-watermark] (CDC) publicou, em agosto de 2024, uma diretriz alterando pontos importantes na elegibilidade dos métodos contraceptivos seguindo as categorias 1, 2, 3 e 4 já estabelecidas pela OMS. Os principais pontos de mudança foram em relação às pacientes com trombofilias, portadoras de adenomas hepáticos, pacientes com lúpus e portadoras de anemia falciforme.

O sistema intrauterino com Levonorgestrel é comercializado como Mirena ® e Kyleena ® , e ambos consistem em um dispositivo em formato de "T" com estrutura de polietileno, sendo que o Kyleena ® é menor e mais fino.

A haste vertical é revestida por um cilindro composto de polidimetilsiloxano com Levonorgestrel, que é liberado em dose relativamente constante de 20 microgramas/dia no Mirena ® através de uma membrana semipermeável. Por sua vez, o Kyleena ® apresenta mesma estrutura e hormônio, porém a liberação inicial é de 17,5 microgramas/dia, posteriormente reduzindo para 9 microgramas/dia. As duas apresentações têm validade de 5 anos. O Mirena ® está sendo validado para uso por até 8 anos atualmente, segundo a OMS e a Food and Drug Administration (FDA).

Mecanismo de ação: O mecanismo de ação do SIU-LNG consiste na combinação de atrofia endometrial, estímulo da formação de muco cervical espesso e redução da motilidade tubária, desfavoráveis à progressão dos espermatozoides no trato genital superior.

    Vantagens:
  • Baixo índice de falha: a taxa de gestação acumulada até 5 anos é de 0-0,2 por 100 mulheres;
  • Menos incidência de doença inflamatória pélvica (DIP);
  • Diminuição do fluxo menstrual, podendo levar a oligomenorreia e amenorreia – melhor efetividade quando em comparação com o DIU de cobre;
  • Melhora da dismenorreia em virtude da amenorreia que o método promove em, pelo menos, 50% das usuárias.
    Desvantagens:
  • Custo;
  • Necessidade de treinamento médico adequado para sua inserção;
  • Pode haver irregularidade menstrual nos primeiros 6 meses após a colocação.
    Efeitos colaterais:
  • Spotting ou manchas: são frequentes nos primeiros 2-3 meses;
  • Efeitos hormonais: sensibilidade mamária, acne (14%);
  • Outros efeitos:
    • Dor abdominal; [cms-watermark]
    • Dor nas costas; [cms-watermark]
    • Cefaleia; [cms-watermark]
    • Depressão; [cms-watermark]
    • Náuseas; [cms-watermark]
    • Edema. [cms-watermark]
    Técnica de inserção: A inserção do SIU-LNG deve seguir as seguintes etapas:
  • Realizar toque vaginal bimanual com correta avaliação da posição uterina;
  • Proceder à antissepsia;
  • Colocar o espéculo de Collins com adequada exposição da cérvice;
  • Pinçar o lábio anterior da cérvice com pinça de Pozzi;
  • Realizar histerometria cuidadosa, reavaliando novamente a posição uterina e o tamanho da cavidade;
  • Carregar o dispositivo no tubo de inserção de acordo com as instruções do fabricante;
  • Mantendo a guia de deslizamento na posição com o polegar, introduzir o aplicador com cuidado através da cérvice até o anel de medição estar aproximadamente a 1,5-2 cm da cérvice uterina;
  • Segurando firmemente o aplicador, puxar a guia de deslizamento para trás até a marca para abrir as hastes horizontais do DIU. Aguardar 5-10 segundos para as hastes horizontais se abrirem completamente;
  • Empurrar gentilmente o aplicador para o fundo do útero, até o anel de medição encostar na cérvice;
  • Pressionar o botão do aplicador e tracionar a camisa, provocando a extrusão do dispositivo na cavidade uterina;
  • Retirar cuidadosamente o aplicador;
  • Retirar a pinça de Pozzi;
  • Revisar hemostasia;
  • Cortar os fios que ficaram na vagina a cerca de 2 cm do orifício externo da cérvice;
  • Retirar o espéculo de Collins.

Momento ideal: Para a colocação do SIU-LNG, o momento ideal é durante o período menstrual, uma vez que é possível excluir a possibilidade de gravidez e o colo uterino encontra-se mais amolecido e dilatado, facilitando a inserção, com redução da chance de expulsão. Para mulheres que comprovadamente não estejam grávidas e desejam iniciar o método, o SIU-LNG pode ser colocado em qualquer momento do ciclo menstrual.

Complicações: Os principais riscos associados ao uso de SIU-LNG correlacionam-se (em sua maioria) com a inserção incluem:

  • Dor;
  • Reação vagal; [cms-watermark]
  • Perfuração uterina; [cms-watermark]
  • Sangramento; [cms-watermark]
  • Laceração cervical; [cms-watermark]
  • Bacteremia transitória; [cms-watermark]
  • Expulsão; [cms-watermark]
  • Falha do método. [cms-watermark]

Caso a paciente apresente infecção nos primeiros 60 dias após a colocação, deve-se iniciar antibioticoterapia de amplo espectro direcionada à microbiota vaginal normal. A remoção do SIU-LNG não é obrigatória, devendo isso ser conversado e decidido em conjunto com a paciente. [cms-watermark]

Mudança de um contraceptivo diferente para o DIU de Levonorgestrel: O dispositivo pode ser inserido imediatamente se for determinado que a mulher não está grávida. A menos que a mulher se abstenha de relações sexuais, um método contraceptivo de apoio é necessário se já se passaram > 7 dias desde o início do sangramento menstrual. Quando um método contraceptivo adicional for necessário, considere continuar o método anterior da mulher por 7 dias após a inserção.

    Contraindicações: [cms-watermark]
  • Neoplasia ou doença hepática em atividade; [cms-watermark]
  • Câncer de mama; [cms-watermark]
  • Gestação suspeitada; [cms-watermark]
  • Sangramento uterino a esclarecer;
  • Lactantes com menos de 6 semanas pós-parto; [cms-watermark]
  • Tromboembolismo ou embolia pulmonar atual; [cms-watermark]
  • Distorção da cavidade uterina; [cms-watermark]
  • Endometrite pós-parto ou após aborto nos últimos 3 meses; [cms-watermark]
  • DIU/SIU-LNG previamente instalado e que não foi retirado; [cms-watermark]
  • DIP ou comportamento de risco para essa doença; [cms-watermark]
  • Suspeita ou diagnóstico de câncer de corpo ou colo uterino; [cms-watermark]
  • Cervicite mucopurulenta. [cms-watermark]

Os estrogênios disponíveis atualmente em formulações anticoncepcionais orais (ACOs) podem ser de dois tipos: natural (Valerato de estradiol e 17-beta-estradiol) ou sintético (Etinilestradiol [EE]).

É possível encontrar o EE associado a diversos progestagênios que apresentam variação na atividade androgênica sobre pele, pelos e perfil lipídico [cms-watermark] , como:

  • Levonorgestrel; [cms-watermark]
  • Desogestrel; [cms-watermark]
  • Gestodeno; [cms-watermark]
  • Acetato de ciproterona; [cms-watermark]
  • Clormadinona; [cms-watermark]
  • Drospirenona. [cms-watermark]

Todos os progestagênios utilizados reduzem sinais e sintomas androgênicos mediante a redução do nível sérico de testosterona livre, porém alguns o fazem mais que outros. Seu uso limita a ação da 5-alfa-redutase, responsável pela conversão da testosterona em sua forma ativa em di-hidrotestosterona.

Os ACOs são considerados de baixa dosagem quando apresentam conteúdo diário de EE < 50 microgramas. As doses variam de 15-35 microgramas de EE.

A dose dos hormônios pode ser idêntica em todas as pílulas da cartela, caracterizando-a como monofásica. Contraceptivos bifásicos ou trifásicos são aqueles em que há variações da dose de estrogênio e progestagênio ao longo do ciclo, visando a diminuir os efeitos adversos e as alterações metabólicas induzidas pelos hormônios.

Quando comparadas com as monofásicas, a [cms-watermark] s formulações multifásicas têm maior chance de equívoco no uso, em razão das diversas cores das pílulas na cartela, e maior incidência de spotting, em virtude do colapso endometrial.

Mecanismo de ação: Ocorre por meio de intervenção no eixo neuroendócrino, interferindo no mecanismo de estimulação ovariana pelas gonadotrofinas por ação direta sobre os mecanismos de feedback que cursam com bloqueio gonadotrófico, especialmente do pico de LH, com isso impedindo que ocorra a ovulação. Em razão dessa característica, são denominados anovulatórios.

Os ACOs também atuam por meio do componente progestagênico. Intervêm no aspecto do muco cervical, que passa a ser impenetrável pelo espermatozoide, e no endométrio, tornando-o hipotrófico, condição considerada inóspita para a implantação do embrião.

    Modo de uso:
  • Cartela de 21 dias: O início da utilização da cartela é feito com a ingestão da primeira pílula no primeiro dia do ciclo, dando continuidade de 1 pílula/dia no mesmo horário nos 21 dias subsequentes. Ao fim da cartela, é realizada uma pausa de 7 dias e, então, recomeça-se uma nova cartela. Durante a pausa entre as cartelas, é esperado que a usuária curse com a menstruação. O ideal é que seja usado sempre no mesmo horário para diminuir a incidência de spotting ;
  • Cartela de 28 dias: O início da utilização da cartela é feito com a ingestão da primeira pílula no primeiro dia do ciclo, dando continuidade de 1 pílula/dia no mesmo horário nos 28 dias subsequentes. As quatro últimas pílulas da cartela são placebo, desse modo espera-se que a usuária curse com a menstruação durante o uso. A utilização da pílula é contínua, porém há privação hormonal que simula uma pausa como na cartela de 21 dias.

Em caso de esquecimento: A paciente deve tomar a pílula que esqueceu imediatamente ao lembrar-se; e a do próximo dia, no horário habitual. Caso lembre-se apenas no momento da pílula seguinte, ambas devem ser tomadas ao mesmo tempo. Quando o ACO for de baixa dosagem hormonal, ou se mais de uma pílula for esquecida no ciclo, o uso deve continuar normalmente até o fim da cartela, porém a paciente precisa utilizar concomitantemente um método de barreira por 1 semana.

Caso não haja sangramento ao fim do ciclo: A pílula deve ser mantida, porém a paciente precisa procurar atendimento médico para excluir a possibilidade de gravidez, uma vez que todo método apresenta um índice de falha.

Eficácia: Sendo usada corretamente, apresenta taxa de falha em torno de 0,5/100 mulheres/ano, independentemente da formulação.

    O uso de ACO com as seguintes substâncias requer, porém, atenção especial, uma vez que há diminuição na efetividade da contracepção:
  • Antifúngicos: Griseofulvina;
  • Anticonvulsivantes/ sedativos:
    • Fenitoína; [cms-watermark]
    • Mefenitoína; [cms-watermark]
    • Fenobarbital; [cms-watermark]
    • Primidona; [cms-watermark]
    • Carbamazepina; [cms-watermark]
    • Etossuximida; [cms-watermark]
    • Topiramato; [cms-watermark]
    • Oxcarbazepina.
  • Antibióticos:
    • Rifampicina; [cms-watermark]
    • Tetraciclina; [cms-watermark]
    • Doxiciclina; [cms-watermark]
    • Penicilinas; [cms-watermark]
    • Diprofloxacino; [cms-watermark]
    • Ofloxacino.
  • Antirretrovirais: inibidores da transcriptase reversa não nucleosídeos e inibidores da protease.
    Vantagens:
  • Regulariza o ciclo menstrual;
  • Melhora a dismenorreia;
  • Melhora sintomas androgênicos: acne e hirsutismo;
  • Controla os sintomas da endometriose;
  • Diminui a incidência de câncer de ovário e endométrio, se usado por longo período.
    Efeitos colaterais mais frequentes:
  • Náuseas;
  • Aumento do tamanho das mamas (ductos e gordura);
  • Retenção de líquidos;
  • Ganho ponderal rápido e cíclico;
  • Complicações tromboembólicas.
    Contraindicações:
  • Tabagistas ≥ 35 anos de idade;
  • Presença de múltiplos fatores de risco para doença cardiovascular:
    • Idade avançada;
    • Tabagismo;
    • Diabetes;
    • Hipertensão arterial. [cms-watermark]
  • Hipertensão arterial sistêmica;
  • Cardiopatia isquêmica;
  • Cardiopatia valvular ou arritmia complicada:
    • Hipertensão pulmonar;
    • Fibrilação arterial;
    • Endocardite bacteriana pregressa. [cms-watermark]
  • Enxaqueca com sinais neurológicos focais;
  • Enxaqueca sem sinais neurológicos focais em mulheres ≥ 35 anos de idade;
  • Câncer de mama prévio ou atual;
  • Lactante < 6 meses pós-parto;
  • Não lactante < 21 dias pós-parto;
  • Trombose venosa profunda ou embolia pulmonar prévias ou atuais;
  • Patologias reumatológicas (ex.: lúpus eritematoso sistêmico);
  • Hepatopatias graves;
  • Trombofilias;
  • Neoplasias.

Existem dois tipos de contraceptivos orais contendo apenas progestagênio: minipílulas (Noretisterona ou Levonorgestrel) e a pílula de Desogestrel.

Mecanismo de ação: Promove alteração no endométrio e do muco cervical, dificultando a fecundação e a implantação do embrião no endométrio.

Modo de uso: A usuária deve tomar 1 comprimido/dia de forma ininterrupta. O início do uso pode ser a qualquer momento, em qualquer dia do ciclo ou do puerpério, entretanto não deve ser administrado nos primeiros 30 dias de puerpério, uma vez que o risco de gravidez nesse período é praticamente inexistente e porque pode provocar aumento do sangramento próprio dessa fase (lóquios).

Minipílula: As minipílulas são formulações mais antigas que podem ser de Noretisterona ou Levonorgestrel. Esses medicamentos inibem a ovulação em aproximadamente 50%; com isso, as mudanças promovidas no muco têm duração máxima de 2 horas. Dessa maneira, o comprimido deve ser tomado diariamente no mesmo horário, e um atraso > 3 horas na ingestão requer que outro método anticoncepcional seja utilizado pelas 48 horas subsequentes.

Desogestrel: Mais recentemente, outra composição apenas de progesterona foi desenvolvida, com 75 microgramas de Desogestrel, apresentando eficácia semelhante à dos ACOs, com inibição da ovulação em 99% dos casos, permitindo a ingesta atrasada do comprimido em até 12 horas sem comprometimento do efeito.

As pílulas contendo apenas progestagênios têm poucos efeitos cardiovasculares e na cascata de coagulação. Mostram-se, portanto, apropriadas para pacientes com risco aumentado para doenças cardiovasculares e portadoras de trombofilias. Podem ser utilizadas por pacientes com enxaqueca, tabagistas > 35 anos de idade e lactantes > 6 semanas pós-parto, uma vez que não interferem na produção do leite.

Desvantagens: Incidência de spotting , amenorreia e, em menor proporção, períodos prolongados de menorragia.

Contraindicação:

  • Mulheres com neoplasia ou doença hepática em atividade; [cms-watermark]
  • Câncer de mama; [cms-watermark]
  • Gestantes e pacientes com sangramento uterino a esclarecer. [cms-watermark]

Os contraceptivos de uso injetável intramuscular estão disponíveis em duas apresentações no Brasil: uma contendo estrogênio natural e progestagênio e outra apenas com progestagênio.

    1. Contraceptivo injetável combinado:
  • Formulações: Combinadas de uso mensal (Acetato de medroxiprogesterona 25 mg + Cipionato de estradiol 5 mg e Enantato de noretisterona 50 mg + Valerato de estradiol 5 mg) são indicadas para pacientes que esquecem ou atrasam o uso de diversas pílulas por cartela e para as que têm intolerância gastrointestinal ou síndromes disabsortivas (ex.: doenças inflamatórias intestinais, cirurgia bariátrica);
  • Mecanismo de ação: É o mesmo das pílulas combinadas, ou seja, bloqueio ovulatório;
  • Efeitos colaterais:
    • Irregularidades menstruais;
    • Mastalgias;
    • Cefaleias;
    • Tonturas;
    • Ganho ponderal. [cms-watermark]
    2. Contraceptivo injetável exclusivo de progestagênio:
  • Formulação: Contém apenas progestagênio (Acetato de medroxiprogesterona 150 mg) com administração a cada 90 dias. Considera-se uma boa escolha para usuárias de fármacos antiepilépticos, diabéticas sem vasculopatia, pacientes que vivem com HIV em uso de inibidores de protease, no pós-parto imediato e pós-operatório de cirurgia bariátrica;
  • Mecanismo de ação: Importante bloqueio da ovulação por meio de efeito antigonadotrófico. Além disso, promove significativa atrofia do endométrio, o que pode determinar amenorreia;
  • Efeitos colaterais:
    • Mastalgia; [cms-watermark]
    • Ganho ponderal; [cms-watermark]
    • Retenção hídrica; [cms-watermark]
    • Cefaleia; [cms-watermark]
    • Depressão; [cms-watermark]
    • Sangramento irregular; [cms-watermark]
    • Diminuição reversível da massa óssea; [cms-watermark]
    • Retardo no retorno da fertilidade; [cms-watermark]
    • Amenorreia. [cms-watermark]

    As principais razões para a descontinuidade do método são sangramento irregular e ganho ponderal, este último especialmente em mulheres já obesas.

  • Contraindicação: Mulheres com neoplasia ou doença hepática em atividade, câncer de mama, gestantes e pacientes com sangramento uterino a esclarecer.

O implante de progestagênio disponível em escala global é comercializado como Implanon ® e consiste em um bastão subdérmico único revestido por um polímero de Acetato de etilenovinil contendo 68 mg de Etonogestrel. Tem alta efetividade em comparação com os métodos cirúrgicos, com falha teórica e real de 0,05%.

Mecanismo de ação: O hormônio é liberado de maneira contínua e age por meio de bloqueio da ovulação, aumento da viscosidade do muco cervical e atrofia endometrial, impedindo, também, a fecundação.

Modo de uso: O local de escolha para a implantação do bastão é na face interna do braço, ao longo do sulco do bíceps, a uma distância de 6-8 cm da prega antecubital. A inserção é rapidamente realizada com dispositivo específico após aplicação de anestesia local. Depois da inserção, deve ser confirmada a presença palpável do implante pelo médico e pela paciente.

O efeito contraceptivo se inicia 8 horas após a inserção e dura até 3 anos. A retirada do implante pode ser realizada ambulatorialmente, em virtude da sua localização superficial, sendo feita uma pequena incisão para a retirada do bastão. [cms-watermark]

Contraindicação: Mulheres com neoplasia ou doença hepática em atividade, câncer de mama atual ou prévio, gestantes e pacientes com sangramento uterino a esclarecer.

As pacientes que optarem pelo método devem ser orientadas sobre a possibilidade de sangramento irregular persistente, que não afeta a eficácia contraceptiva, porém pode ser bastante incômodo, levando ao desejo da descontinuidade do método.

O sistema transdérmico (Evra ® ), um adesivo de coloração rosada com 20 cm 2 de área, consiste em uma camada interna formada por matriz com liberação diária de 203 microgramas de Norelgestromina e 33,9 microgramas de EE e uma camada externa impermeável.

Modo de uso: A aplicação deve ser realizada no abdome inferior, região superior do dorso, nádegas ou região inferior do segmento proximal do antebraço – não deve ser aplicado nas mamas. O primeiro adesivo é colocado, por convenção, no primeiro dia do ciclo, sendo trocado 1x/semana. Ao fim da terceira semana, é feita uma pausa de 7 dias para que ocorra a menstruação e, então, é iniciado novo ciclo.

    Efeitos colaterais mais frequentes:
  • Náuseas;
  • Aumento do tamanho das mamas (ductos e gordura);
  • Retenção hídrica;
  • Ganho ponderal rápido e cíclico;
  • Complicações tromboembólicas.
    Contraindicações:
  • Tabagistas ≥ 35 anos de idade;
  • Presença de múltiplos fatores de risco para doença cardiovascular:
    • Idade avançada;
    • Tabagismo;
    • Diabetes;
    • Hipertensão arterial. [cms-watermark]
  • Hipertensão arterial sistêmica;
  • Cardiopatia isquêmica;
  • Cardiopatia valvular ou arritmia complicada:
    • Hipertensão pulmonar;
    • Fibrilação arterial;
    • Endocardite bacteriana pregressa; [cms-watermark]
  • Enxaqueca com sinais neurológicos focais;
  • Enxaqueca sem sinais neurológicos focais em mulheres > 35 anos de idade;
  • Câncer de mama prévio ou atual;
  • Lactante < 6 meses pós-parto;
  • Não lactante < 21 dias pós-parto;
  • Trombose venosa profunda ou embolia pulmonar prévias ou atuais;
  • Patologias reumatológicas (ex.: lúpus eritematoso sistêmico);
  • Hepatopatias graves;
  • Trombofilias.

Observação: O método tem maior taxa de falha em pacientes com ≥ 90 kg.

O anel vaginal (NuvaRing ® ) é um contraceptivo hormonal não oral com liberação contínua diária de 15 microgramas de EE e 120 microgramas de Etonogestrel. Consiste em um anel flexível de polímero com diâmetro interno de 50 mm e externo de 54 mm que deve ser inserido na vagina em decorrência da absorção vaginal. Uma vantagem do método é a ausência do efeito de primeira passagem pelo fígado, apresentando menos impacto metabólico.

A incidência de casos de colapso endometrial é baixa, bem como a queixa por parte dos homens durante a relação sexual. Em caso de incômodo durante o ato sexual, o anel pode ser retirado temporariamente e reintroduzido em um prazo de 3 horas sem prejuízo da eficácia.

O método apresenta baixa incidência de sangramento de escape, com bom controle do ciclo menstrual. Apesar de haver relatos de aumento na lubrificação vaginal, não há evidência de elevação de infecções vaginais e leucorreia.

Mecanismo de ação: O mesmo do contraceptivo oral combinado.

Modo de uso: Deve ser inserido pela mulher, inicialmente, no primeiro dia do ciclo e removido depois de 3 semanas. O novo anel deve ser inserido após pausa de 1 semana para que haja sangramento menstrual.

Não raramente ocorrem pequenos acidentes no uso de métodos contraceptivos de barreira ou comportamentais que expõem a mulher ao risco de uma gestação não desejada. Para essas circunstâncias, foi idealizada a contracepção de emergência, que consiste na utilização de medicamentos ou dispositivos depois de uma relação desprotegida. As formas mais difundidas para a realização de anticoncepção de emergência são o método de Yuzpe e progestágenos.

Método de Yuzpe

O método de Yuzpe consiste na ingestão de comprimidos de anticoncepcionais hormonais orais combinados com EE e progestagênio.

A dose de EE ideal é de 200 microgramas, sendo dividida em duas doses com intervalo de 12 horas. Por exemplo, se a pílula contém 50 microgramas, devem-se utilizar dois comprimidos de 12/12 horas.

A eficácia do método de Yuzpe, segundo um estudo multicêntrico desenvolvido pela OMS, varia de acordo com o intervalo entre a relação sexual desprotegida e o uso da medicação. Se utilizado até 24 horas, é de 98%; de 25-48 horas, é de 95,9%; e entre 49-72 horas, é de 95,3%.

    Os efeitos colaterais mais comuns desse regime são: [cms-watermark]
  • Náuseas (40-50% dos casos); [cms-watermark]
  • Vômitos (15-20%); [cms-watermark]
  • Vertigem; [cms-watermark]
  • Cefaleia; [cms-watermark]
  • Mastalgia; [cms-watermark]
  • Diarreia; [cms-watermark]
  • Irregularidade menstrual; [cms-watermark]
  • Dor abdominal. [cms-watermark]

Progestágenos

O Levonorgestrel isolado (dose única de 1,5 mg) é a forma mais utilizada para contracepção de emergência devido à maior efetividade e à ausência de efeitos colaterais do estrógeno na interação com medicamentos antirretrovirais.

O mecanismo de ação varia. Se utilizado na primeira fase do ciclo menstrual, impede a ovulação; na segunda fase, atua principalmente pelo espessamento do muco cervical. Atualmente, não há registros de que haja efeitos teratogênicos, que interfira na implantação ou que altere o endométrio.

A utilização do Levonorgestrel pode prevenir cerca de dois terços das gestações se for iniciada até 24 horas depois do ato sexual.

Autoria principal: Camilla Luna (Ginecologista e Obstetra pela UERJ e FEBRASGO, especialista em Reprodução Humana pela AMB).

Revisão: Caroline Oliveira (Ginecologia. Especialista de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia. Doutora em Ciências Médicas pela UFF). [cms-watermark]

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