Lembrar de tratar lesões pré-malignas e úlceras crônicas para evitar evolução para carcinoma espinocelular;
No carcinoma espinocelular invasivo, a melhor opção é a cirurgia, descrita em "Tratamento Não Farmacológico". Carcinoma espinocelular
in situ
de baixo risco pode ser tratado com opções não cirúrgicas;
Terapia sistêmica:
Indicada na doença localmente avançada primária e recorrente em candidatos não cirúrgicos, para pacientes com doença regional ressecada de alto risco, pacientes com doença irressecável, inoperável ou incompletamente ressecada e em pacientes com recorrência regional ou doença metastática à distância;
Por ser um tumor com alta carga mutacional, pode-se utilizar imunoterapia associada ou não à quimioterapia;
Ela pode envolver Cisplatina, inibidor do receptor do fator de crescimento epidérmico (EFGR), como Cetuximabe, Cisplatina + 5-fluorouracil (5-FU), Carboplatina ± Paclitaxel, Cemiplimabe (anticorpo monoclonal anti-PD1), Pembrolizumabe (inibidor anti-PD-1), Capecitabina, Erlotinibe, Gefitinibe, Panitumumabe.
Critérios de alto risco para doença recorrente e chance de metástase (segundo NCCN):
Carcinoma na cabeça ou pescoço (em especial, orelha e vermelhão do lábio), mãos, pés, pré-tibial, anogenital de qualquer tamanho;
Carcinoma no tronco ou extremidades > 2 cm (> 4 cm tem risco muito alto em qualquer localização);
Bordas mal definidas;
Doença recorrente;
Imunossupressão;
Local de radioterapia prévia;
Carcinoma que surgiu em área prévia de inflamação ou ferida crônica;
Taxa rápida de crescimento;
Sintomas neurológicos associados (dor, queimação, ardência, anestesia, parestesia, paralisia facial, diplopia e visão turva) com envolvimento perineural;
Achados histológicos (achados que indicam muito alto risco): subtipo acantolítico, adenoescamoso, metaplásico, profundidade 2-6 mm, envolvimento perineural;
Achados histológicos que indicam muito alto risco: Carcinoma pouco diferenciado, subtipo desmoplásico, profundidade > 6 mm ou invasão do tecido subcutâneo, células tumorais dentro da bainha nervosa de um nervo mais profundo que a derme (≥ 0,1 mm), envolvimento vascular ou linfático.
Tratamento Farmacológico
1.
Terapia tópica (quando cirurgia e/ou radioterapia são contraindicadas ou em carcinoma espinocelular
in situ
de baixo risco).
Escolha uma das opções:
Fluoruracila
(5% creme) Aplicar na lesão 1-2x/dia por 2-4 semanas;
Imiquimode
(5% creme) Aplicar na lesão 5x/semana por 2-4 meses.
2.
Terapia sistêmica (doença localmente avançada, irressecável, inoperável ou incompletamente ressecada e em pacientes com recorrência regional ou doença metastática à distância).
Escolha uma das opções:
Cemiplimabe
(50 mg/mL solução) 350 mg EV 3/3 semanas até progressão da doença ou toxicidade limitante;
Pembrolizumabe
(100 mg/4 mL solução) 200 mg EV 3/3 semanas até progressão da doença ou toxicidade limitante;
Panitumumabe
(20 mg/mL solução) 6 mg/kg EV 2/2 semanas.
Tratamento Não Farmacológico
Cirurgia:
Cirurgia de Mohs:
Técnica preferida, principalmente nas lesões de alto risco;
Menor risco de recorrência se comparado às outras modalidades de tratamento;
Permite a análise intraoperatória de 100% das margens de excisão e poupa tecido se comparado à excisão padrão;
Outras formas de avaliação de margem periférica e profunda podem ser usados como alternativa ao Mohs em carcinoma de alto risco (ex.: congelamento intraoperatório).
Excisão cirúrgica com margem lateral e profunda:
Margem lateral segundo NCCN: Carcinoma de baixo risco e < 2 cm com margem de 4 mm; carcinoma de baixo risco > 2 cm com margem de 6 mm; carcinoma de alto risco com margem de 4, 6 e 9 mm de acordo com o diâmetro da lesão < 1 cm, 1-1,9 cm e ≥ 2 cm, respectivamente;
Margem segundo Guideline Europeu: Margem lateral 6-10 mm;
Reexcisão em caso de margens ainda positivas.
Radioterapia:
Terapia adjuvante em casos com margens comprometidas após cirurgia definitiva em quem nova cirurgia esteja contraindicada ou ainda nos casos com envolvimento neural ou outro fator de pobre prognóstico associado ou com acometimento linfonodal;
Não deve ser considerado em doenças sindrômicas associadas e evitar em doença do tecido conjuntivo associada (ex.: lúpus e esclerodermia).
Curetagem e eletrodissecção:
Técnica para lesões superficiais de baixo risco, mas que não permitem análise histológica de margem;
Indicada apenas se contraindicação à cirurgia;
Não deve ser usada em áreas com crescimento de pelo terminal (couro cabeludo, axila, região pubiana e barba nos homens) pelo risco de o tumor se estender pela estrutura folicular;
Não fazer em lesões de alto risco.
Crioterapia:
Pode ser opção para carcinoma espinocelular
in situ
(doença de Bowen).
Terapia fotodinâmica:
Pode ser opção para carcinoma espinocelular
in situ
(doença de Bowen).
Excisão de linfonodos regionais e parótida caso tenha invasão nesses locais. Pode fazer radioterapia e quimioterapia também.
Orientações ao Paciente
Recomendações:
Uso de protetor solar, chapéu, óculos de proteção contra raios ultra violetas e roupa de proteção contra raios ultravioletas.
Profilaxia
Nicotinamida:
Pode ser eficaz na prevenção do desenvolvimento de recorrência ou metástases de carcinoma espinocelular em pacientes de alto risco.
Outros medicações em estudo para pacientes com alto risco para múltiplas ceratoses actínicas e carcinomas espinocelulares: Retinoide oral (acitretina, isotretinoína), tretinoína 0,1% tópica.