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Crise Convulsiva em Pediatria

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Prescrição Hospitalar

Orientações ao Prescritor

  • A prescrição a seguir é voltada para controle das crises convulsivas;
  • Outros esquemas que sejam necessários, incluindo os esquemas de manutenção, dependem do tipo de crise, e geralmente o tratamento é orientado por especialista;
  • Para mais informações acerca do tratamento do mal epiléptico, acessar o conteúdo pertinente.
  • O acesso preferencial para administração da medicação é venoso para mais agilidade no início de ação, no entanto, como a prioridade é não postergar o tratamento, na impossibilidade ou dificuldade em se obter acesso venoso, pode ser adotada outra via, como por exemplo, retal ou intranasal.

Dieta e Hidratação

1. Dieta zero .

    2. Hidratação venosa de manutenção: Fazer uma solução para correr EV em 24 horas com os seguintes elementos:
  • Soro glicosado 5% Fazer o volume descrito a seguir EV em 24 horas (pode dividir em 4 etapas):
    • 0-10 kg: 100 mL/kg/dia;
    • 10-20 kg: 1.000 mL + 50 mL/kg para cada kg de peso acima de 10 kg;
    • > 20 kg: 1.500 mL + 20 mL/kg para cada kg de peso acima de 20 kg;
  • NaCl 20% Volume de NaCl 20% = (volume da etapa) x (osmolaridade desejada)/6.800. A osmolaridade inicial sugerida é de 300; ajustar conforme sódio sérico;
  • KCl 10% 1,5 mL/kg/dia (2 mEq/kg/dia) EV (pode dividir em 4 etapas). Iniciar apenas para pacientes com diurese, e ajustar conforme potássio sérico.

Tratamento Farmacológico

    1. Anticonvulsivantes: Escolha um dos esquemas a seguir:
    Esquema A: 1ª linha – Benzodiazepínicos: Escolha uma das opções:
  • Diazepam (5 mg/mL) 0,2-0,3 mg/kg EV ou 0,5 mg/kg/dose via retal, podendo ser repetido a cada 10 minutos, por até 3 vezes. Dose máxima: 10 mg/dose;
  • Midazolam (5 mg/mL) 0,2 mg/kg EV, intranasal ou IM. Repetir a cada 10 minutos, por até 3 vezes. Dose máxima: 6-10 mg/dose.

    Esquema B: Crises convulsivas refratárias aos benzodiazepínicos: Escolha uma das opções:
  • Fenitoína (50 mg/mL) dose de ataque: 15-20 mg/kg EV, se a crise durar mais que 10-15 minutos. Dose máxima: 300 mg/dia;
  • Fenobarbital (100 mg/mL) 10-20 mg/kg EV, se a crise durar mais de 20 minutos. Se a crise persistir, repetir com dose de 5-10 mg/kg após 15-20 minutos.

Profiláticos e Sintomáticos

    1. Analgésico e antitérmico: Se presença de dor ou febre ≥ 37,8°C. Escolha uma das opções:
  • Dipirona (500 mg/mL) 0,04-0,05 mL/kg/dose (20-25 mg/kg/dose) EV até 6/6 horas em caso de dor ou febre. Dose máxima: 2,5 mL/dose (5 g/dia); [cms-watermark]
  • Paracetamol gotas (200 mg/mL) 0,75-1,1 gotas/kg/dose (10-15 mg/kg/dose) VO de 4/4 ou 6/6 horas;
      Dose máxima: Não exceder 5 doses diárias:
    • < 12 anos: 35 gotas/dose ou 5,6 gotas/kg/dia – 75 mg/kg/dia;
    • > 12 anos: 55 gotas/dose ou 300 gotas/dia – 4.000 mg/dia. [cms-watermark] [cms-watermark]
    2. Antiemético: Se presença de náuseas e/ou vômitos. Escolha uma das opções:
  • Ondansetrona (2 mg/mL) 0,075 mL/kg/dose (0,15 mg/kg/dose) EV até 8/8 horas. Dose máxima: 8 mL/dose (16 mg/dose); [cms-watermark]
  • Bromoprida (10 mg/2mL) 0,03-0,06 mL/kg/dose (0,5-1 mg/kg/dia) EV/IM até 8/8 horas. Dose máxima: 2 mL/dose (10 mg/dose).

Cuidados

  1. Monitoramento eletrocardiográfico e de oximetria de pulso. [cms-watermark]
  2. Sinais vitais de 3/3 horas.
  3. Glicemia capilar de 6/6 horas.
  4. Oxigenioterapia.
  5. Cabeceira elevada a 30º. [cms-watermark]

Resumo e recomendações

CRONOGRAMA
AVALIAÇÃO
CUIDADOS DE SUPORTE TERAPIA PARA CRISE CONVULSIVA
0 a 5 minutos
Obter sinais vitais iniciais, incluindo temperatura
Manter permeabilidade de vias aéreas Aspirar secreções Administrar 100% de O₂ Benzodiazepínicos: Diazepam 0,2 a 0,3 mg/kg EV, dose máxima 10 mg OU Midazolam 0,2 mg/kg EV, dose máxima 10 mg

Identificar obstrução de vias aéreas ou hipóxia
Monitorização cardiorrespiratória contínua e oximetria de pulso
Se o acesso EV não puder ser obtido em 3 minutos: Midazolam IM ou intranasal 0,2 mg/kg, dose máxima 10 mg OU Diazepam retal (Diazepam gel ou solução injetável administrada retalmente) 0,5 mg/kg, dose máxima 20 mg

Identificar oxigenação ou ventilação comprometidas
Realizar ventilação com máscara bolsa-válvula se necessário Preparar para entubação rápida (sequência rápida de entubação)


Obter glicemia e outros exames, conforme indicado
Estabelecer acesso EV


Avaliar sinais de sepse/meningite
Tratar hipoglicemia


Avaliar sinais de traumatismo craniano
Tratar febre

5 a 10 minutos
Reavaliar sinais vitais, vias aéreas, respiração e circulação
Manter monitoramento, suporte ventilatório e acesso vascular
Benzodiazepínicos: segunda dose


Administrar antibióticos se houver sinais de sepse ou meningite

10 a 15 minutos
Reavaliar sinais vitais, vias aéreas, respiração e circulação
Manter monitoramento, suporte ventilatório e acesso vascular Obter segundo acesso EV
Fenitoína 15-20 mg/kg EV, dose máxima 1500 mg OU Fenobarbital 10-20 mg/kg EV, dose máxima 1 g (com expectativa de depressão respiratória com apneia)


Indicação potencial de intubação rápida (RSI)*

15 a 30 minutos
Reavaliar sinais vitais, vias aéreas, respiração e circulação
Manter monitoramento, suporte ventilatório e acesso vascular
Fenitoína (se ainda não administrada) 20 mg/kg EV OU Fenobarbital (se ainda não administrado) 20 mg/kg EV, dose máxima 1 g (ou 10 mg/kg se o fenobarbital já foi administrado antes) E

Realizar monitoramento EEG contínuo, se disponível E consultar neurologista

Piridoxina 70 mg/kg EV, dose máxima 5 g, se houver suspeita de envenenamento por isoniazida (INH)

Autoria principal: Alexandre Galvão (Pediatria).

    Revisão:
  • Gabriela Guimarães Moreira Balbi (Pediatria pela UFPR e Reumatologia Infantil pela UNIFESP); [cms-watermark]
  • Fabiana Barreto Goulart Déléage (Pediatria pela SMS/RJ e SBP e Medicina de Adolescentes pela UERJ).

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