Conteúdo copiado com sucesso!

Esquizofrenia

Voltar

Prescrição Ambulatorial

Orientações ao Prescritor

  • Os antipsicóticos são a base do tratamento da esquizofrenia;
  • Considera-se que antipsicóticos típicos (primeira geração) e antipsicóticos atípicos (segunda geração) tenham a mesma eficácia em sintomas positivos;
  • No quadro agudo, inicia-se dose baixa de antipsicótico oral em monoterapia para avaliação de sensibilidade. Qualquer antipsicótico (exceto Clozapina) pode ser escolhido, considerando tolerabilidade e efeitos colaterais;
  • Deve-se aumentar até a dose efetiva e aguardar 4-6 semanas para resposta terapêutica e realizar ajustes de dose necessários;
  • Após assegurar adesão à medicação, caso não haja resposta, troca-se para um segundo antipsicótico em monoterapia, repetindo os mesmos passos já descritos;
  • Caso não haja resposta a dois esquemas em tempo e dose corretas e com adesão, considera-se uma esquizofrenia resistente ao tratamento. Nessa circunstância, podemos tentar um terceiro antipsicótico ou iniciar o uso de Clozapina (conduta mais utilizada);
  • Em pacientes com má adesão está indicado o uso de antipsicóticos injetáveis de longa ação. Deve-se sempre fazer o teste com a mesma medicação que será usada na forma injetável por via oral para avaliar sensibilidade do paciente à medicação. Também é necessária a manutenção da medicação por via oral até que o antipsicótico injetável chegue ao steady-stage ;
  • Após a estabilização se inicia o tratamento de manutenção que para maioria dos pacientes será contínuo - está é a conduta mais aceita. Alguns guidelines sugerem tratamento intermitente, variando de 1-3 anos no primeiro episódio e 5 anos para múltiplos episódios;
  • Antipsicóticos de primeira geração causam mais efeitos colaterais extrapiramidais, enquanto os de segunda geração dão mais síndrome metabólica e ganho de peso.

Tratamento Farmacológico

Escolha um dos antipsicóticos a seguir e inicie em monoterapia.

    1. Antipsicóticos típicos (primeira geração):
  • Haloperidol dose inicial: 1-15 mg/dia, em dose única ou doses divididas. Dose usual: 1-40 mg/dia. Dose máxima: alguns estudos sugerem uso até 100 mg/dia, apesar de pouco usual na prática clínica;
  • Trifluoperazina dose inicial: 2-5 mg/dia, 2x/dia. Dose usual: 15-20 mg/dia; [cms-watermark]
  • Clorpromazina dose inicial: 25-200 mg/dia, pode ser usado em dose única, mas o fracionamento auxilia no manejo de efeitos colaterais. Dose usual: 200-800 mg/dia. Dose máxima: 1.200 mg/dia;
  • Levomepromazina dose inicial: 50-75 mg/dia, 2-3x/dia. Dose usual: 400-600 mg/dia. Dose máxima: 1.000 mg/dia.
    2. Antipsicóticos atípicos (segunda geração): [cms-watermark]
  • Amissulprida dose inicial: 400-800 mg/dia, dividido em duas tomadas. Dose usual: 400-800 mg/dia. Dose máxima: 1.200 mg/dia; [cms-watermark]
  • Risperidona dose inicial: 1-2 mg/dia, em uma ou duas tomadas. Dose usual: 2-6 mg/dia. Dose máxima: 8 mg;
  • Olanzapina dose inicial: 5 mg/dia, 1x/dia. Dose usual: 5-20 mg/dia. Dose máxima: 30 mg/dia;
  • Quetiapina dose inicial: 50 mg/dia, dividido em duas tomadas. A maior parte dos lugares sugerem aumentos de 25-50 mg/dia até dose alvo de 300-400 mg/dia (a tolerabilidade do aumento dessa forma pode ser difícil por conta da sonolência). Dose usual: 400-800 mg/dia. Dose máxima: 800 mg/dia;
  • Ziprasidona dose inicial: 40-80 mg/dia, dividido em 2 tomadas. Dose usual: 40-160 mg/dia. Dose máxima: 160 mg/dia. Precisa ser ingerido durante as refeições, preferencialmente almoço e jantar.
    3. Antipsicóticos de terceira geração:
  • Aripiprazol dose inicial: 5-15 mg, 1x/dia. Dose máxima: 30 mg/dia; [cms-watermark]
  • Brexpiprazol dose inicial: 1 mg, 1x/dia, nos dias 1-4; aumentar para 2 mg 1x/dia nos dias 5-7; 4 mg 1x/dia a partir do dia 8. Dose máxima: 4 mg/dia.
    4. Esquizofrenia resistente ao tratamento:
  • Clozapina dose inicial: 12,5-25 mg/dia, aumentar 25-50 mg a cada 2-3 dias até a dose de 300 mg/dia. Dose usual: 400-500 mg/dia. Dose máxima: 900 mg/dia;
  • Atenção! É necessária a realização de hemograma semanal nas primeiras 18 semanas de tratamento, e mensal enquanto o tratamento durar. O tratamento deve ser interrompido na ocorrência de convulsão ou citopenia (leucócitos total < 3.000/mm³, neutrófilos abaixo de 1.500/mm³ ou plaquetas abaixo de 100.000/mm³).

Tratamento Não Farmacológico

  1. Terapias cognitivo-comportamentais (TCC).
  2. Psicoeducação.
  3. Terapia de família.
  4. Terapias de reabilitação cognitiva.
  5. Treino de habilidades sociais.
  6. Terapia ocupacional.
  7. Atividade física.

Outras Informações

Autoria principal: Tayne Miranda (Psiquiatra pela USP).

    Revisão:
  • Gabriela Guimarães Moreira Balbi (Pediatria pela UFPR e Reumatologia Pediátrica pela UNIFESP/EPM);
  • Paula Benevenuto Hartmann (Psiquiatra).

Barlati S, Nibbio G, Vita A. Evidence-based psychosocial interventions in schizophrenia: a critical review. Curr Opin Psychiatry. 2024; 37(3):131-139.

Stahl SM. Prescriber’s Guide: Stahl’s Essential Psychopharmacology. 8th ed. Cambridge University Press; 2024.

Bitter I. Recovery in schizophrenia: the role of antipsychotic treatment. European Psychiatry. 2024; 67(S1):S14-S15.

Efthimiou O, Taipale H, Radua J, et al. Efficacy and effectiveness of antipsychotics in schizophrenia: network meta-analyses combining evidence from randomised controlled trials and real-world data. Lancet Psychiatry. 2024; S2215-0366(23)00366-8.

Ricci V, Sarni A, Martinotti G, et al. Comparative analysis of third-generation antipsychotics in first-episode schizophrenia: efficacy, safety, and cognitive impacts. A narrative review.. International clinical psychopharmacology. Int Clin Psicofarmacol. 2024.

Sallet PC, Asciutti APR, Macaya DAM, et al. Manual do residente de psiquiatria. Barueri: Manole; 2023.

Constantino ME. Clínica Psiquiátrica: a terapêutica. 2a ed. Barueri: Manole; 2021.

Watanabe Y, Yamada S, Otsubo T, Kikuchi T. Brexpiprazole for the Treatment of Schizophrenia in Adults: An Overview of Its Clinical Efficacy and Safety and a Psychiatrist's Perspective. Drug Des Devel Ther. 2020; 14:5559-5574.

McCutcheon RA, Reis Marques T, Howes OD. Schizophrenia - An Overview. JAMA Psychiatry. 2020; 77(2):201–210.

Huhn M, Nikolakopoulou A, Schneider-Thoma J, et al. Comparative efficacy and tolerability of 32 oral antipsychotics for the acute treatment of adults with multi-episode schizophrenia: a systematic review and network meta-analysis. Focus (Am Psychiatr Publ). 2020; 18(4):443-55.

Kane JM, Agid O, Baldwin ML, et al. Clinical guidance on the identification and management of treatment-resistant schizophrenia. J Clin Psychiatry. 2019; 80(2):18com12123.

Howes OD, McCutcheon R, Agid O, et al. Treatment Resistant Schizophrenia: Treatment Response and Resistance in Psychosis (TRRIP) Working Group. Consensus guidelines on diagnosis and terminology. Am J Psychiatry. 2017; 174(3):216-229.

Remington G, Addington D, Honer W, et al. Guidelines for the Pharmacotherapy of Schizophrenia in Adults. Can J Psychiatry. 2017; 62(9):604-616.

Galletly C, Castle D, Dark F, et al. Royal Australian and New Zealand College of Psychiatrists clinical practice guidelines for the management of schizophrenia and related disorders. Aust N Z J Psychiatry. 2016; 50(5):410-72.