Orientações ao Prescritor
Recomendações:
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Deve-se identificar prontamente o paciente com potencial para evoluir para insuficiência respiratória aguda (tabela com sinais de exacerbação a seguir);
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O melhor preditor de hospitalização é o
BODE index
(body mass index [B], obstruction [O], dyspnoea [D] and exercise endurance measured by the 6-min walk distance [E]);
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-
Melhorar oxigenação para manter a SpO
2
entre 90-92%: atenção aos retentores crônicos de CO
2
;
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Se o paciente não tinha tratamento prévio, é fundamental iniciar, antes da alta hospitalar, broncodilatadores de longa duração;
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Tratar comorbidades e fatores desencadeantes da exacerbação:
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-
Infecção;
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TEP;
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Pneumotórax;
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Isquemia cardíaca;
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Arritmias;
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Insuficiência cardíaca.
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Se houver suspeita de pneumonia adquirida em comunidade, acesse Pneumonia Comunitária;
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Em caso de insuficiência respiratória aguda, acesse Insuficiência Respiratória Aguda.
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Sinais e sintomas sugestivos de internação na DPOC.
Adaptado de:
Lundgren F, et al., 2012
Deve-se considerar o tratamento de infecção, se houver dois destes três critérios:
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Aumento do volume da expectoração;
-
Mudança do aspecto da expectoração para purulento (este critério, caso presente, pode ser considerado de maneira isolada para a indicação de antibioticoterapia).
Considerar fatores de risco para infecção por
Pseudomonas aeruginosa:
-
Bronquiectasias;
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Fibrose cística;
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-
Tratamento crônico com corticoides em dose > 10 mg/dia;
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Tratamento antibiótico de amplo espectro no mês anterior (por mais de 7 dias);
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-
Internação recente (< 90 dias);
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-
DPOC grave ou muito grave (VEF1 < 30%);
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Desnutrição.
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Tratamento:
-
Na emergência, é preferível utilizar espaçador.
Se nebulização: SF 0,9%
3-5 mL e usar ar comprimido para evitar hiperóxia.
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Dieta e Hidratação
-
Dieta oral para DPOC:
R
estrição em carboidratos e maior aporte proteico;
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-
Se dispneia importante:
Dieta zero até estabilização.
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-
Hidratação venosa com base nos parâmetros hemodinâmicos e na cota básica: SF 0,9%
20-30 mL/kg EV em 24 horas (se impossibilidade de ingesta oral, associar aporte de glicose).
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Tratamento Farmacológico
O tratamento consiste na associação de corticoide sistêmico e inalatório, com broncodilatadores de curta duração e antibioticoterapia.
Após, proceder à troca conforme esquema de tratamento a longo prazo.
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1.
Corticoterapia sistêmica:
Escolha
uma
das opções:
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Prednisona
(20 mg/comprimido) 40 mg VO de 24/24 horas, por 5-7 dias;
-
Prednisolona
(20 mg/comprimido) 40 mg VO de 24/24 horas, por 5-7 dias;
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Metilprednisolona
(40 mg/1 mL) 0,5 mg/kg/dia EV dividido de 6/6 horas ou de 8/8 horas ou de 12/12 horas por 5 a 7 dias.
2.
Beta-2-agonista de curta duração:
Escolha
uma
das opções:
-
Salbutamol gotas
(5 mg/5 mL) 2,5-5 mg (10-20 gotas) de 4/4 horas ou de 6/6 horas (se necessário, usar intervalos menores) diluídos em 2 mL de SF 0,9%. Manter por 5-7 dias. Após, proceder à troca conforme esquema de tratamento a longo prazo;
-
Salbutamol
spray
(100 microgramas/dose) 2 jatos de 4/4 horas ou de 6/6 horas. Para crises graves, iniciar com 10 jatos a cada 20 minutos na primeira hora. Duração habitual: 5-7 dias. Após, proceder à troca conforme esquema de tratamento a longo prazo;
-
Fenoterol
spray
(100 mg/dose) 1-2 jatos de 6/6 horas (se necessário, usar intervalos menores). Para crises graves, iniciar com 10 jatos a cada 20 minutos na primeira hora. Duração habitual: 5-7 dias. Após, proceder à troca conforme esquema de tratamento a longo prazo.
3.
Antagonista muscarínico de curta duração:
Escolha
uma
das opções:
-
Brometo de ipratrópio
(0,25 mg/mL) 0,25-0,5 mg (20-40 gotas) de 6/6 horas. Duração habitual: 5-7 dias. Após, proceder à troca conforme esquema de tratamento a longo prazo;
-
Brometo de ipratrópio
spray
(20 microgramas/dose) 2 jatos de 6/6 horas. Duração habitual: 5-7 dias. Após, proceder à troca conforme esquema de tratamento a longo prazo.
Realizar após tratamento de curta duração. Em caso de terapia tripla, não é necessário associar isoladamente os broncodilatadores, visto já estarem disponíveis no mesmo dispositivo.
Escolha um dos esquemas ou avalie a associação:
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Esquema A: Broncodilatador de longa duração:
Caso paciente já esteja em monoterapia, associar segunda classe de broncodilatador. Caso paciente não tenha tratamento prévio, iniciar as duas classes juntos:
-
Beta-2-agonista de longa duração:
Escolha
uma
das opções:
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-
Fumarato de formoterol
(cápsula de 12 microgramas/dose) 12-24 microgramas (1-2 cápsulas) via inalatória de 12/12 horas;
-
Maleato de indacaterol
(150 microgramas/dose) 150-300 microgramas (1-2 cápsulas) via inalatória de 24/24 horas;
-
Cloridrato de olodaterol
(2,5 microgramas/dose) 5 microgramas (2 doses) via inalatória de 24/24 horas.
-
Anticolinérgico de longa duração:
Escolha
uma
das opções:
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-
Brometo de tiotrópio
(2,5 microgramas/dose) 5 microgramas (2 jatos) via inalatória de 24/24 horas;
-
Brometo de glicopirrônio
(50 microgramas/dose) 50 microgramas (1 cápsula) via inalatória de 24/24 horas;
-
Brometo de umeclídio
(62,5 microgramas/dose) 62,5 microgramas (1 dose) via inalatória de 24/24 horas.
-
Associação de beta2-agonista e anticolinérgico de longa duração em dispositivo único:
Escolha
uma
das opções
:
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-
Brometo de tiotrópio + cloridrato de olodaterol
(2,5 microgramas + 2,5 microgramas) 5 microgramas (2 inalações) via inalatória de 24/24 horas;
-
Brometo de umeclidínio + trifenatato de vilanterol
(62,5 microgramas + 25 microgramas) 1 inalação via inalatória de 24/24 horas;
-
Maleato de indacaterol + brometo de glicopirrôni
o
(110 microgramas + 50 microgramas) 1 cápsula via inalatória de 24/24 horas.
Esquema B: Corticoide inalatório:
Considerando uma exacerbação grave, deve-se levar em conta o início de corticoide inalatório em tripla terapia ou em monoterapia associado aos broncodilatadores de longa duração. Escolha uma das opções:
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Beclometasona
spray
(200 microgramas/jato) 2 jatos via inalatória de 12/12 horas ou de 8/8 horas;
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Budesonida (0,25 mg/mL)
0,5-1 mg diluído em 2 mL de SF 0,9% via inalatória de 12/12 horas;
-
Dipropionato de beclometasona + Fumarato de formoterol di-hidratado + brometo de glicopirrônio
(100/6/12,5 microgramas) 2 jatos de 12/12 horas até 4 jatos via inalatória de 12/12 horas;
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-
Furoato de fluticasona + brometo de umeclidínio + trifenatato de vilanterol
(100/62,5/25 microgramas) 1 inalação de 24/24 horas.
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Antibioticoterapia
Escolha um dos esquemas abaixo conforme risco do paciente.
Esquema A: Antibiotioticoterapia empírica sem risco de PA:
Escolha uma das opções:
-
Levofloxacino
750 mg VO/EV de 24/24 horas, por 5-7 dias;
-
Moxifloxacino
400 mg EV de 24/24 horas, por 5-7 dias;
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Ceftriaxona
1 g EV de 12/12 horas, por 5-7 dias.
Esquema B: Antibioticoterapia empírica com risco de PA:
Escolha
uma
das opções:
-
Cefepima
1 g + 25-100 mL de
SG 5%
. Administrar em 30 minutos EV de 12/12 horas. Se infecção grave ou sepse, aumentar dose para 2 g EV de 8/8 horas, por 5-7 dias;
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-
Ceftazidima
(1 g/frasco) 1 g EV de 8/8 horas. Se infecção grave ou sepse, aumentar dose para 2 g EV de 8/8 horas, por 5-7 dias;
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Piperacilina + tazobactam
(4,5 g/frasco) 4,5 g EV de 8/8 horas-6/6 horas.
Profiláticos e Sintomáticos
1.
Analgésico e antitérmico:
Se presença de dor ou febre ≥ 37,8ºC. Escolha uma das opções:
-
Dipirona sódica
(500 mg/mL) 2 mL EV de 6/6 horas, diluídos em AD.
-
Dipirona sódica gotas
(500 mg/mL) 20-40 gotas VO/SNE de 6/6 horas;
-
Dipirona sódica
(500 mg/comprimido) 500-1.000 mg VO/SNE de 6/6 horas;
-
Paracetamol gotas
(200 mg/mL) 35-55 gotas VO/SNE de 6/6 horas.
2.
Antiemético:
Se presença de náuseas e/ou vômitos. Escolha uma das opções:
-
Metoclopramida
(10 mg/2 mL) 2 mL EV, diluídos em AD, até de 8/8 horas.
-
Metoclopramida
(4 mg/mL) 50 gotas VO/SNE de 8/8 horas;
-
Metoclopramida
(10 mg/comprimido) 10 mg VO/SNE de 8/8 horas;
-
Bromoprida
(10 mg/2 mL) 10 mg EV de 8/8 horas;
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Bromoprida
(4 mg/mL) 1-3 gotas/kg (até no máximo 10 mg) VO/SNE de 8/8 horas.
3.
Proteção gástrica:
Escolha uma das opções:
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Omeprazol
(40 mg/10 mL) 40 mg EV de 24/24 horas;
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Omeprazol
20-40 mg VO de 24/24 horas, em jejum;
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Pantoprazol sódico
20-40 mg VO de 24/24 horas, em jejum;
-
Pantoprazol sódico
(40 mg/10 mL) 40 mg EV de 24/24 horas;
-
Considerar conforme as indicações descritas em Profilaxia de Úlcera Gástrica.
4.
Profilaxia TVP/TEP:
Se paciente restrito no leito por mais de 48 horas ou fator de risco para TVP, acesse Profilaxia de TVP:
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Enoxaparina sódica
20-80 mg/dia SC de 24/24 horas, de acordo com IMC e função renal.
Cuidados
1. Fisioterapia respiratória diária.
2. Ventilação não invasiva.
3.
Oxigenoterapia:
O
2
sob máscara ou cateter nasal
a 1-3 L/minuto (titular a oferta de O
2
para manter SpO
2
entre 90-92%):
-
Atentar para o risco de retenção de CO
2
nos pacientes retentores crônicos.
4. Monitoração
cardíaca contínua, oximetria de pulso e PA não invasiva.
5. Nos casos de insuficiência respiratória refratária (tipo I ou tipo II), realizar intubação orotraqueal e manejo de ventilação mecânica invasiva conforme conteúdo específico.