Orientações ao Prescritor
Considerações inicias:
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O tratamento da hiponatremia em pacientes hospitalizados tem quatro objetivos importantes:
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Evitar quedas maiores na concentração sérica de sódio;
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Diminuir a pressão intracraniana em pacientes com risco de desenvolver herniação cerebral;
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Aliviar os sintomas da hiponatremia;
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Evitar a correção excessiva da hiponatremia nos pacientes em risco de síndrome de desmielinização osmótica.
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São considerados sintomas graves de hiponatremia:
Convulsões, obnubilação, coma, parada respiratória:
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Nesse caso, existe indicação de infusão de solução salina hipertônica para a correção dos níveis séricos de sódio, respeitando-se os limites máximos diários.
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Sintomas não graves:
Cefaleia, fadiga, náuseas, vômitos, distúrbios de marcha e confusão mental;
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Limitações:
As fórmulas são estimativas e têm limitações. Não incluem perdas insensíveis, urinárias ou gastrointestinais de eletrólitos e água e não é aconselhável usá-las isoladamente. Deve-se monitorar cuidadosamente a dosagem de sódio durante a terapia;
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Objetivo:
Aumentar a concentração sérica de sódio em 6-8 mEq/L nas 24 horas. Uma vez atingido o objetivo diário de correção, a infusão de solução salina a 3% deve ser interrompida pelo restante do dia:
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Em pacientes sintomáticos com hiponatremia aguda ou naqueles com sintomas graves
, o objetivo é aumentar o sódio em 4-6 mEq/L em 6 horas ou menos. Posteriormente, o sódio sérico pode ser mantido em um nível constante por 24 horas para evitar correções excessivamente rápidas;
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Se o sódio sérico começar a cair novamente
, a solução salina hipertônica poderá ser retomada conforme necessário para preservar o aumento desejado de sódio sérico no dia.
Abordagem:
A
cesse nossa calculadora de C
orreção dos Distúrbios do Sódio:
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Abordagem inicial:
Internar o paciente para reposição venosa e controle do nível sérico a fim de evitar reposição excessiva;
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Monitorar:
Sintomas e medir novamente a concentração de sódio depois de 2 horas para determinar a necessidade de nova intervenção, caso use salina hipertônica;
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Suspender:
Medicamentos que poderiam contribuir para hiponatremia e limitar a ingestão de fluidos hipotônicos;
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Se hiponatremia hipervolêmica:
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Furosemida
(20 mg/2 mL) 40 mg EV em dose de ataque seguidos de 20 mg EV de 4/4 ou de 6/6 horas (manutenção) em casos de hiponatremia hipervolêmica.
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Se estados edematosos:
Como insuficiência cardíaca, cirrose, síndrome de SIADH e insuficiência renal avançada, restrição hídrica (800-1.000 mL/dia) e não utilizar salina isotônica.
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Cálculos:
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Soluções:
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1 L de
NaCl
a 3%
(
SF 0,9%
445 mL +
cloreto de sódio a 20%
55 mL):
511 mEq de Na+;
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1 L de
NaCl
a 0,9% (SF):
154 mEq de Na+;
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1 L de Ringer lactato
130 mEq de Na+;
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1 L de Ringer simples
147,5 mEq de Na+.
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A água corporal total (ACT) – em litros – pode ser calculada por meio do peso, do sexo e da idade do paciente:
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Masculino < 65 anos:
Peso (kg) x 0,6;
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Masculino ≥ 65 anos:
Peso (kg) x 0,5;
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Feminino < 65 anos:
Peso (kg) x 0,5;
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Feminino ≥ 65 anos:
Peso (kg) x 0,45.
Dieta e Hidratação
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Dieta adequada para a condição de base:
Ex.:
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Se IC, dieta hipossódica;
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Se SIADH, considerar dieta hipersódica.
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Restrição hídrica (800-1.000 mL/dia).
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Acesso venoso salinizado.
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Tratamento Farmacológico
Escolha um dos esquemas:
Esquema A:
Método tradicional:
Deve-se realizar o cálculo para a elevação de 6-8 mEq/L em 24 horas (vide Orientações ao Prescritor).
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Esse método leva em conta a
fórmula de Adrogué-Madias
, que estima o impacto no sódio sérico após a infusão de uma solução, nesse caso, hipertônica: Δ[Na+]*sérico = ([Na+]infusão - [Na+]atual)/ACT + 1;
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Para o cálculo, veja nossa calculadora de Correção dos Distúrbios do Sódio.
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Dose de ataque em casos sintomáticos graves:
Cloreto de sódio
a
3%
(
SF 0,9%
445 mL +
NaCl
20% 55 mL) EV em BI. Infundir 100 mL da solução em 10 minutos (equivalente à taxa de infusão: 600 mL/hora):
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Objetivo:
Elevar 4-6 mEq/L em até 6 horas ou melhorar sintomas (pode-se repetir até três vezes, monitorando-se os níveis séricos de sódio).
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Esquema B:
Método alternativo em pacientes com sintomas graves:
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Dose de ataque em casos sintomáticos graves:
Cloreto de sódio
a 3%
(
SF 0,9%
445 mL +
NaCl 20%
55 mL) EV em BI. Infundir 100 mL da solução em 10 minutos (equivalente à taxa de infusão: 600 mL/hora):
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Objetivo:
Elevar 4-6 mEq/L em até 6 horas ou melhorar sintomas (pode-se repetir até 3 vezes, monitorando-se os níveis séricos de sódio).
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Quando repetir a dose de ataque:
Dose o sódio sérico depois de cada "ataque" e, se necessário, repita até 3 vezes essa etapa (até que o sódio aumente em 4 a 6 mEq/L);
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Dose de manutenção:
Dependente da avaliação da volemia:
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Hiponatremia hipovolêmica: SF 0,9%
1.000 mL EV em 24 horas. Alternativa: utilizar solução de ataque em infusão contínua, com taxa de infusão de 10-20 mL/hora;
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Hiponatremia hipervolêmica:
Furosemida
(20 mg/2 mL) 40 mg EV em dose de ataque seguidos de 20 mg EV de 4/4 ou de 6/6 horas (manutenção).
Esquema C:
Método alternativo em pacientes com sintomas não graves ou assintomáticos:
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Cloreto de sódio
a 3%
(
SF 0,9%
445 mL +
NaCl 20%
55 mL) EV em BI. Infundir 0,25 mL/kg/hora. Em pacientes com patologia intracraniana, deve-se considerar o uso de salina 3%, mesmo em casos assintomáticos:
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Objetivo:
Aumentar o sódio gradualmente até um limite de 4-6 mEq/L nas primeiras horas, em caso de sintomas. Ao atingir esse valor, a salina deve ser interrompida. Nos pacientes assintomáticos, esse alvo deve ser alcançado em 24 horas.
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Dose de manutenção:
Dependente da avaliação da volemia:
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Hiponatremia hipovolêmica: SF 0,9%
1.000 mL EV em 24 horas. Alternativa: utilizar solução de ataque em infusão contínua, com taxa de infusão de 10-20 mL/hora;
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Hiponatremia euvolêmica:
Restrição de água livre na dieta;
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Hiponatremia hipervolêmica:
Restrição de água livre na dieta.
Profiláticos e Sintomáticos
1.
Analgésico e antitérmico:
Se presença de dor ou febre ≥ 37,8°C, escolha uma das opções:
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Dipirona sódica
(500 mg/mL) 1-2 g EV até de 4/4 horas (dose máxima: 5 g em 24 horas);
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Dipirona sódica
gotas
(500 mg/mL) 20-40 gotas VO até de 4/4 horas;
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Dipirona sódica
500-1.000 mg VO até 4/4 horas;
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Paracetamol gotas
(200 mg/mL) 35-55 gotas VO até de 6/6 horas;
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Paracetamol
500-750 mg VO até de 6/6 horas.
2.
Antiemético:
Se presença de náuseas e/ou vômitos, e
scolha uma das opções:
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Metoclopramida
(10 mg/2 mL) 10 mg EV diluídos em água destilada até de 8/8 horas;
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Metoclopramida
(4 mg/mL) 50 gotas VO de 8/8 horas;
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Metoclopramida
10 mg VO de 8/8 horas;
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Bromoprida
(10 mg/2 mL) 10 mg EV de 8/8 horas;
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Bromoprida
(4 mg/mL) 1-3 gotas/kg VO de 8/8 horas.
3.
Proteção gástrica:
Escolha uma das opções:
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Omeprazol
(40 mg/10 mL) 20-40 mg VO/EV de 24/24 horas, pela manhã;
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Pantoprazol sódico
20-40 mg VO de 24/24 horas, em jejum;
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Pantoprazol sódico
(40 mg/10 mL) 40 mg EV de 24/24 horas.
Uso de Tolvaptana
A Tolvaptana é um antagonista seletivo do receptor V2 da vasopressina, indicada para tratar a hiponatremia euvolêmica, como na síndrome da secreção inapropriada do hormônio antidiurético (SIADH), especialmente quando a restrição hídrica não é viável. Seu mecanismo promove a excreção de água livre (aquarese), corrigindo a hiponatremia sem perda significativa de eletrólitos.
Estudos mostram que a Tolvaptana aumenta rapidamente os níveis de sódio em pacientes com SIADH, inclusive em algumas populações pediátricas, com taxa de normalização superior a 70% em poucos dias. Doses menores que as licenciadas (como 3,75–7,5 mg) têm sido eficazes, especialmente em pacientes com risco aumentado de desmielinização osmótica, promovendo aumentos médios de 7 a 9 mmol/L nas primeiras 24 horas. A dose padrão costuma ser 15 mg por via oral uma vez ao dia, podendo ser titulada para 30 mg e até 60 mg ao dia,
A principal preocupação é a correção rápida do sódio, que pode ocorrer em até 30% dos casos, particularmente em pacientes com sódio basal muito baixo e baixo nitrogênio ureico. Embora não haja relatos recentes de síndrome de desmielinização osmótica, recomenda-se monitorização frequente e evitar a associação com outras terapias nas primeiras 24 horas. Os efeitos adversos mais comuns são sede e poliúria, geralmente leves.
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