Orientações ao Prescritor
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Importante!
O principal mecanismo responsável pelos óbitos imediatos nas intoxicações por anticolinesterásicos é a parada cardiorrespiratória em decorrência da broncorreia com hipoxemia;
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Aspirar vias respiratórias, posicionar e fornecer oxigênio são prioridades;
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Garantir via respiratória adequada e proporcionar suporte de vida;
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Remover o intoxicante de mucosas, pele e dentes com o uso adequado de EPI, pois pode haver absorção por essas vias;
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Uso e adequação da dose do antídoto à resposta clínica;
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Medicamentos contraindicados:
Succinilcolina, Morfina, barbitúricos, Reserpina, fenotiazínicos, Aminofilina, Teofilina, Furosemida, Insulina (para tratar a hiperglicemia transitória);
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Diuréticos não estão indicados:
A broncorreia causada pela estimulação muscarínica pode ser confundida com edema agudo de pulmão.
A
presença de crepitações indica necessidade de Atropina e não deve ser interpretada como congestão pulmonar.
Dieta e Hidratação
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Dieta oral zero.
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Tratar hipotensão: SF 0,9%
EV 500-1.000 mL ou 20 mL/kg em 30-60 minutos:
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Correção dos distúrbios eletrolíticos, se presentes.
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Tratamento Farmacológico
1.
Medidas de descontaminação
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Indicadas em tempo adequado, se não houver contraindicações e com proteção apropriada das vias respiratórias. Escolha uma ou mais estratégias, conforme a indicação:
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Lavagem gástrica:
Indicada em até 1 hora depois da ingestão; se o paciente apresentar êmese, o procedimento é desnecessário e ineficaz;
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Carvão ativado
Indicado em até 2 horas após a ingestão:
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Adultos:
50 g dissolvidos em 250 mL de água ou SF 0,9%, por sonda nasogástrica ou via oral, mantendo-a fechada pelas primeiras 2 horas;
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Crianças:
0,5-1 g/kg (máximo de 50 g) dissolvido em água ou SF 0,9% na proporção de 5 mL/g, por sonda nasogástrica ou via oral, mantendo-a fechada pelas primeiras 2 horas.
Atenção!
Antes da realização das medidas acima, o paciente deve ser criteriosamente avaliado quanto ao risco de falência respiratória e necessidade de intubação orotraqueal para ventilação mecânica. A persistência de vômitos também deve ser considerada uma contraindicação.
2.
Atropina
(antídoto de escolha):
Antagonista do receptor muscarínico da acetilcolina:
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Critérios para o uso:
Presença de sinais muscarínicos (secretivos):
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Broncorreia (crepitações pulmonares) – principal indicação;
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Sialorreia;
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Sudorese;
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Vômitos;
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Diarreia;
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Dor abdominal.
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Adultos:
1-2 mg EV em bólus repetidos de 5/5 minutos, conforme necessidade;
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Crianças:
0,03-0,05 mg/kg/dose repetido de 5/5 minutos;
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Critérios para o espaçamento das doses de Atropina:
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O paciente dever ser reavaliado constantemente a cada dose de Atropina e durante o intervalo de espaçamento;
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Regressão da sintomatologia muscarínica:
Secura da boca, ausculta pulmonar normal (regressão do broncoespasmo e da broncorreia);
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Se o paciente voltar a apresentar sinais muscarínicos durante o período de espaçamento, administrar a dose de Atropina e monitorar todo o intervalo do espaçamento;
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Sinais de intoxicação atropínica:
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Boca seca;
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Rubor facial;
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Midríase;
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Taquicardia;
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Agitação psicomotora;
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Alucinações;
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Hipertermia (nesses casos, as doses devem ser suspensas até a melhora do quadro).
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Atenção!
O u
so de Atropina em bomba de infusão é desaconselhável;
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Observação!
N
as intoxicações graves, doses cumulativas de Atropina superiores a 100 mg podem ser necessárias, especialmente nas intoxicações agudas graves por organofosforados, cujo tratamento pode durar dias;
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A presença de taquicardia não contraindica o uso de Atropina. Somente na vigência de arritmia com instabilidade ou dor torácica isquêmica associada à sua administração ela deve ser suspensa.
3.
Controle de convulsões:
Escolha uma das opções:
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Diazepam:
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Adultos:
5-10 mg EV a cada 5-10 minutos até o máximo de 30 mg;
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Crianças com menos de 5 anos:
0,2-0,5 mg EV a cada 5-10 minutos até o máximo de 5 mg;
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Crianças maiores que 5 anos:
1-2 mg EV a cada 5-10 minutos, até o máximo de 10 mg.
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Lorazepam:
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Adultos:
2-4 mg EV. A dose pode ser repetida a cada 5-10 minutos. Máximo de 2 mg/minuto;
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Crianças:
0,05-0,1 mg/kg. Máximo de 4 mg por dose. A dose pode ser repetida a cada 5-10 minutos. Máximo de 2 mg/minuto.
Profiláticos e Sintomáticos
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1.
Analgésico e antitérmico:
Se presença de dor ou febre ≥ 37,8°C. Escolha uma das opções:
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Dipirona sódica
(500 mg/mL) 1-2 g EV até de 4/4 horas (dose máxima: 5 g em 24 horas);
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Dipirona sódica
gotas
(500 mg/mL) 20-40 gotas VO até de 4/4 horas;
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Dipirona sódica
500-1.000 mg VO até 4/4 horas;
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Paracetamol gotas
(200 mg/mL) 35-55 gotas VO até de 6/6 horas;
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Paracetamol
500-750 mg VO até de 6/6 horas.
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2.
Antiemético:
Se presença de náuseas e/ou vômitos, não estão indicados.
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Atenção!
Náuseas e vômitos na intoxicação por carbamatos são sinais muscarínicos e devem ser tratados com Atropina nas doses descritas aqui anteriormente.
3.
Proteção gástrica:
Escolha uma das opções:
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Omeprazol
(40 mg/10 mL) 20-40 mg VO/EV de 24/24 horas pela manhã;
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Pantoprazol sódico
20-40 mg VO de 24/24 horas em jejum;
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Pantoprazol sódico
(40 mg/10 mL) 40 mg EV de 24/24 horas.
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Cuidados
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Oxigênio sob máscara ~ 5 L/minuto a critério médico:
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Aspirar vias respiratórias antes da suplementação, se necessário;
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Assistência ventilatória, se necessário.
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Cabeceira do leito a 30º.
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Balanço hídrico:
É indispensável, tendo em vista que o paciente pode estar desidratado, mas apresentando pele e mucosas úmidas devido aos sintomas muscarínicos:
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Por outro lado, durante a atropinização, o paciente pode estar hiperidratado e apresentar pele e mucosas secas devido ao efeito da Atropina, o que agrava o quadro clínico.
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Atenção! Diuréticos não estão indicados.
A broncorreia causada pela estimulação muscarínica pode ser confundida com edema agudo de pulmão.
A presença de crepitações indica necessidade de Atropina e não deve ser interpretada como congestão pulmonar.
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