Definição: O linfogranuloma venéreo (LGV) é uma infecção sexualmente transmissível (IST) manifestada caracteristicamente como úlcera genital e bubões nas regiões inguinais, sendo causada pela Chlamydia trachomatis , sorotipos L1, L2 e L3. Esses sorotipos cursam com quadros mais intensos do que os sorotipos responsáveis pelas endocervicites e uretrites.
Consiste em uma doença do tecido linfático com indução de reação linfoproliferativa com drenagem para linfonodos, produzindo linfangite, áreas de necrose ao redor dos nódulos e formação de abscesso, os bubões.
As partículas infectantes da clamídia (corpos elementares) penetram na célula do hospedeiro, passando para corpos reticulares metabolicamente ativos.
A divisão dentro da célula possibilita que os corpos reticulares se transformem em múltiplos corpos elementares que, por sua vez, são liberados por exocitose, promovendo a infecção.
Acomete ambos os sexos, mas os surtos são mais frequentes entre homossexuais masculinos (causando proctite),
aumentando o risco de infecção pelo HIV
e outras ISTs.
O diagnóstico de LGV deve ser considerado nos casos de adenite inguinal, elefantíase genital e estenose uretral ou retal.
Deve ter início precoce, antes mesmo da confirmação laboratorial, a fim de minimizar eventuais sequelas.
Doxiciclina é a medicação de primeira escolha. O fármaco de segunda linha é a Azitromicina, com uso preferencial nas gestantes. A Eritromicina também pode ser utilizada em caso de impossibilidade dos medicamentos descritos.
Se a parceria sexual for assintomática, recomenda-se um dos tratamentos a seguir: Azitromicina ou Doxiciclina.
Os parceiros sexuais dos últimos 60 dias devem ser testados para infecção uretral ou cervical.
Os antibióticos não revertem sequelas como estenose retal ou elefantíase genital.
Os bubões devem ser aspirados com agulha grossa e nunca drenados ou excisados, pois, além de retardarem a cicatrização, esses procedimentos podem disseminar a doença e propiciar o aparecimento de elefantíase.
Toda pessoa que foi tratada para LGV deve ser retestada para clamídia 3 meses após o tratamento. E para ela também deverá ser oferecido o rastreio de outras infecções sexualmente transmissíveis.
Linfogranuloma Venéreo: qual o tratamento recomendado pelo CDC 2021 e PCDT 2022?
Autoria principal: Camilla Luna (Ginecologia e Obstetrícia pela UERJ e FEBRASGO, especialista em Reprodução Humana pela AMB).
Revisão:
Caroline Oliveira (Ginecologia, com doutorado em Ciências Médicas pela UFF).
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o
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