Orientações ao Prescritor
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O principal objetivo terapêutico na mesenterite esclerosante é o alívio sintomático, de forma que não há evidências de que o tratamento melhore o prognóstico ou previna a progressão da doença;
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Ao receber um diagnóstico incidental de mesenterite esclerosante em uma TC de abdome, na ausência de suspeição clínica prévia da condição, é importante reconhecer que menos de 6% dos casos apresentam sintomas que justifiquem a implementação de tratamento;
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Os sintomas mais comuns incluem dor abdominal, alteração do hábito intestinal, febre e emagrecimento;
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As complicações ocorrem em 20% dos casos sintomáticos, sendo as principais a obstrução intestinal, ascite quilosa, uropatia obstrutiva e isquemia mesentérica, que exigem avaliação conjunta pela cirurgia, gastroenterologia, urologia e cirurgia vascular, respectivamente;
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Antes da introdução de corticoterapia, é importante afastar etiologias infecciosas (por exemplo, tuberculose), realizar triagem para tuberculose latente e realizar a profilaxia de estrongiloidíase disseminada. Em áreas endêmicas, como o Brasil, a terapia mais corriqueira é com a Ivermectina (200 microgramas/kg/dia por 2 dias, podendo-se repetir após 14 dias);
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Quanto mais inflamatório é o fenótipo (febre, emagrecimento, prostração VHS acelerada e inflamação proeminente à anatomia patológica), maior a probabilidade de resposta à corticoterapia.
Tratamento Farmacológico
Escolha um dos esquemas a seguir:
Esquema A:
1
a
linha: Tratamento de associação:
I.
Prednisona
(5, 20 mg/comprimido) 20 mg 2 comprimidos VO pela manhã com desmame progressivo (redução em 5 mg/semana) em 3-4 meses;
+
II.
Citrato de
Tamoxifeno
(10, 20 mg/comprimido) 10 mg VO de 12/12 horas. Após 3 meses de tratamento, avalia-se a resposta clínica. Nos respondedores, a manutenção é recomendada por tempo indeterminado. O mecanismo de ação especulado é a inibição da diferenciação de fibroblastos em miofibroblastos por bloqueio na sinalização do TGF-β e ação antiangiogênica pela inibição do VEGF.
Alternativa ao Tamoxifeno (II):
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Colchicina
(0,5 mg/comprimido) 0,5 mg VO de 12/12 horas. Menos estudado na literatura.
Esquema B:
2
a
linha. Pacientes que falharam, não toleram ou apresentam contraindicações ao Tamoxifeno:
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Azatioprina
(50 mg/comprimido) 2-2,5 mg/kg VO de 24/24 horas. Deve-se avaliar a eficácia do tratamento após 6-12 meses de uso. Em pacientes respondedores, mantém-se Azatioprina por tempo indeterminado. É prudente realizada a pesquisa de mutação do gene TPMT, que tem prevalência populacional de 1/300 e que implica em risco de mielossupressão ameaçadora à vida.
Esquema C:
3
a
linha: Pacientes refratários ao Tamoxifeno e à Azatioprina. Escolha uma das opções:
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Ciclofosfamida
(a dose deve ser individualizada de acordo com o caso);
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Talidomida
(a dose deve ser individualizada de acordo com o caso);
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Observação!
Não existe padronização na literatura sobre esses medicamentos, e poucos estudos avaliaram esses medicamentos até o momento. A evidência é escassa para o emprego de Pentoxifilina, Metotrexato, Infliximabe e Ustequinumabe.
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