Orientações ao Prescritor
Recomendações:
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O tratamento deve ser individualizado, considerando a gravidade e as comorbidades do paciente;
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Idealmente, iniciar o tratamento o mais cedo possível;
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Manter a medicação por tempo prolongado para alcançar e manter a remissão (geralmente de 5-10 anos);
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Controle clínico: Ausência de novas lesões por pelo menos duas semanas e reepitelização de 80% das lesões de pele e mucosa;
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Considerar recaída caso surjam ≥ 3 lesões no último mês que não cicatrizem em 1 semana ou aumento da extensão de lesões já existentes;
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Corticoterapia sistêmica:
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Considerada 1ª linha para a indução da remissão;
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Geralmente, novas lesões deixam de aparecer após 2-3 semanas do início da corticoterapia;
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Doses altas devem ser mantidas até a estabilização do quadro; esperar pelo menos 4 semanas para avaliar a necessidade de aumento ou redução da dose;
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Após o controle do quadro, iniciar desmame gradual do corticoide;
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Sempre associar suplementação com cálcio e Vitamina D.
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Terapia adjuvante:
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Tem início de ação mais lento que o corticoide, não sendo recomendada isoladamente para o controle da remissão;
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Alguns autores preferem iniciar adjuvantes associados ao corticoide desde o início;
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Azatioprina e Micofenolato são considerados de 1ª linha;
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Indicações:
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Contraindicações ao uso de corticosteroides;
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Ausência de controle com corticosteroides;
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Prevenção de recidivas em pacientes controlados.
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Iniciar o desmame se o paciente estiver há 3 meses sem corticoide sistêmico e com quadro estabilizado.
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Rituximabe (vide prescrição hospitalar):
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Anticorpo monoclonal anti-CD20 aprovado pelo FDA para o tratamento do pênfigo vulgar;
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Segundo o consenso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, é indicado para casos moderados a graves que não respondem a Prednisona + Azatioprina/Micofenolato;
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Diretrizes Internacionais, como as da
European Academy of Dermatology and Venereology
de 2020, indicam a associação de Rituximabe ao corticoide como 1ª linha em casos moderados a graves, e alguns
guidelines
já o recomendam como 1ª linha, com ou sem corticoide sistêmico associado, até mesmo em casos leves;
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Parece ser mais efetivo se iniciado precocemente na doença.
Tratamento Sistêmico – 1ª Linha
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Corticoterapia:
Escolha uma das opções:
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Prednisona
(5 ou 20 mg/comprimido): 0,5-1,0 mg/kg/dia VO de 24/24 horas, até completa estabilização do quadro. Se houver piora, aumentar para 1,5-2 mg/kg/dia;
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Prednisolona
(5 mg, 20 mg ou 40 mg/comprimido; suspensão oral 3 mg/mL ou 11 mg/mL): 0,5-1,0 mg/kg/dia VO de 24/24 horas, até completa estabilização do quadro. Se houver piora, aumentar para 1,5-2 mg/kg/dia.
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Medicamentos adjuvantes ao uso de corticoides: Profilaxia de estrongiloidíase:
Escolha uma das opções antes do início do corticoide oral:
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Ivermectina
(6 mg/comprimido): 200 microgramas/kg VO em dose única;
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Albendazol
(400 mg/comprimido): 1 comprimido VO de 24/24 horas, por 3 dias.
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Esquema para prevenção de osteoporose induzida por corticoides
:
Carbonato de cálcio
+
Vitamina D
(500 mg + 400 UI): VO até 2x/dia após refeições.
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Esquema para prevenção de úlceras gástricas/duodenais:
Atenção!
Deve ser individualizado de acordo com o risco de cada paciente.
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Omeprazol
(10, 20 ou 40 mg/comprimido): 1 comprimido VO de 24/24 horas, em jejum;
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Pantoprazol sódico
(
20-40 mg): VO de 24/24 horas, em jejum.
Existem vários esquemas de redução do corticoide:
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Reduzir 10-25% a cada 2-3 semanas até a dose 15-25 mg/dia. Depois, reduzir 1 mg a cada 3 a 4 semanas conforme resposta clínica;
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Reduzir 0,25 mg/kg/dia por semana até dose de 0,5 mg/kg/dia. Após 14 dias, reduzir para 30 mg/dia. Depois, seguir redução a cada 14 dias: 30; 25; 20; 15; 10; 7,5; 5; 2,5 e 0 mg;
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Reduzir 25% a cada 2 semanas até a dose de 20 mg. Depois, diminuir 2,5 mg por semana até 10 mg. Após isso, reduzir 1 mg por semana.
Tratamento Sistêmico – Adjuvante
1.
Medicamentos poupadores de corticoide:
Escolha uma das opções:
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Azatioprina
(50 mg/comprimido): 1-3 mg/kg/dia VO, dividido a cada 12/12 horas, por pelo menos 6 a 12 meses após remissão completa.
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Atenção!
Contraindicado em gestantes;
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Iniciar com 50 mg por dia para avaliar reações idiossincráticas e aumentar progressivamente com controle laboratorial;
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Considerar falência terapêutica após 3 meses com a dose de 2,5 mg/kg/dia;
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Iniciar o desmame se houver 3 meses sem corticoide sistêmico e quadro estabilizado;
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No desmame:
Reduzir 50 mg a cada 8 semanas.
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Micofenolato de mofetila
(500 mg/comprimido): 2-3 g/dia VO, dividido de 12/12 horas, por pelo menos 6-12 meses após remissão completa.
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Atenção!
Contraindicado em gestantes e lactantes;
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Iniciar com 500 mg por dia e aumentar progressivamente com controle laboratorial;
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Considerar
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falência terapêutica somente após 3 meses com a dose de 3 g/dia;
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Iniciar o desmame se houver 3 meses sem corticoide sistêmico e quadro estabilizado;
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No desmame:
Reduzir 500 mg a cada 8 semanas.
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Dapsona
(100 mg/comprimido ou manipulado): 50-200 mg/dia VO de 24/24 horas, por pelo menos 6 a 12 meses após remissão completa.
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Atenção!
Há menor evidência de benefício na literatura;
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Pesquisar deficiência de G6PD
antes do início do tratamento;
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Iniciar com 25 ou 50 mg e aumentar progressivamente com controle laboratorial.
Tratamento Tópico
Pode ser associado ao tratamento sistêmico.
Indicado principalmente em casos de lesões localizadas e limitadas ou lesões residuais persistentes na mucosa e pele.
Esquema A: Tópico para pele:
Escolha uma das opções:
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Propionato de clobetasol
(0,05%
creme ou pomada
): Aplicar na lesão a cada 24/24 horas até cicatrização;
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Propionato de halobetasol
(0,05% creme): Aplicar na lesão da pele a cada 24/24 horas até cicatrização.
Esquema B: Tópico para mucosas:
Escolha uma das opções:
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Propionato de clobetasol
(0,05%
gel):
Aplicar na lesão a cada 8/8 ou 24/24 horas até cicatrização;
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Triancinolona acetonida
(pasta ou pomada): Aplicar nas lesões orais a cada 8/8 ou 24/24 horas;
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Betametasona
(elixir): Bochechar e cuspir a cada 8/8 ou 24/24 horas.
Tratamento Não Farmacológico
Para casos extensos:
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Permanganato de potássio
1:10.000 ou 1:20.000.
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Clorexidin
a degermante.