Orientações ao Prescritor
Orientações gerais:
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O propósito da EDA é a investigação de doenças do trato gastrointestinal superior, incluindo o esôfago, estômago e duodeno;
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É obrigatória a presença de um acompanhante no dia do exame e é proscrita a direção veicular ou a execução de atividades com demanda por maior atenção e perícia, como trabalhar em alturas, caminhar sozinho pelas ruas, assinar contratos ou tomar qualquer decisão importante no dia do ato anestésico;
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Brincos, anéis e colares, bem como
piercing
e outros objetivos metálicos, devem ser removidos previamente, se for possível. Caso contrário, a maioria dos serviços providencia um recipiente para a sua alocação transitória;
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O preenchimento e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (
TCLE
) deve ser realizado antes do exame. Em clínicas particulares, deve-se ter atenção à precificação, baseada na complexidade do procedimento;
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Após a recepção na clínica de endoscopia, é verificado o pedido de exame e exames prévios (laboratoriais, radiológicos e endoscópicos), realizada uma breve entrevista (com ênfase nas comorbidades, medicamentos em uso, alergias medicamentosas), punção de acesso venoso periférico, monitorização contínua dos dados vitais, oxigenoterapia suplementar em casos selecionados, administração de anestesia tópica (Lidocaína
spray
) em orofaringe e sedoanalgesia balanceada (Fentanil 25-75 μg, Midazolam 0,5-2,5 mg e, eventualmente, Propofol em bólus de 5-15 mg). Dessa forma, é fundamental arguir sobre condições cardiorrespiratórias e identificar preditores de dificuldade de ventilação;
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O endoscópio é um tubo flexível, com diâmetro médio de 9 mm, que é introduzido pela via oral. Para permitir a passagem do aparelho com segurança, um bucal plástico é ancorado na arcada dentária do paciente, e fixado por meio de um elástico em torno do pescoço;
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O plano de sedação é superficial. Logo, é induzido um estado de sonolência, mas o paciente deve respirar espontaneamente e obedecer a comandos simples durante o ato anestésico. A posição habitual é o decúbito lateral esquerdo.
O jejum:
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Alimentos sólidos e leite
: Deve-se respeitar um período mínimo de 6-8 horas. O jejum mais prolongado deve ser considerado na gastroparesia, na obstrução do trato gastrointestinal superior, no uso de análogos de GLP-1 (Liraglutida ou Semaglutida) ou GLP-1 + GIP (Tirzepatida) e no histórico de EDA com resíduos sólidos gástricos a despeito do jejum recomendado. Deve-se evitar refeições pesadas ou gordurosas na véspera do exame;
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Demais líquidos (água, chá, suco etc.):
Deve-se respeitar um período mínimo de 2 horas de jejum;
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Usuários de inibidores de bomba de prótons:
Recomenda-se a suspensão pelo menos 14 dias antes de exame eletivo quando o propósito é a pesquisa de H.
pylori
. Nesse período, os sintomas podem ser controlados com hidróxido de alumínio, alginato ou sucralfato. Na avaliação de resposta terapêutica na DRGE erosiva ou esôfago de Barrett, o exame deve ser realizado na vigência da terapia de supressão ácida
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Acalásia:
A estratégia de preparo da EDA é pautada na classificação de Rezende:
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Grupo I:
Preparo habitual;
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Grupo II:
A dieta líquida, sem o uso de leite, deve ser iniciada 3 dias antes do exame;
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Grupo III e IV:
Lavagens esofágicas diárias, em regime hospitalar, com uso de cateter nasogástrico ("sonda de Fouchet") até que se obtenha líquido límpido de retorno. A dieta deve ser líquida restrita ou mantida apenas hidratação parenteral nas últimas 12-48 horas do preparo.
Medicamentos:
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Antidiabéticos:
Suspender os hipoglicemiantes na noite anterior ao exame. Os inibidores de SGLT2 (Dapagliflozina, Empagliflozina) devem ser interrompidos 3-4 dias antes da EDA, para mitigar o risco de cetoacidose euglicêmica. Se for usuário de insulina, aplicar somente 50%-75% da dose basal habitual (NPH, Glargina ou Detemir) e omitir as doses prandiais (regular, Lispro e Asparte) no período de jejum. É válida a realização de glicemia capilar durante o procedimento, sobretudo se sinais e sintomas compatíveis com hipoglicemia;
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Análogos de GLP-1 e GLP-1 + GIP:
A
American Society of Anesthesiologists
o
rienta a interrupção entre 1-7 dias antes da EDA para medicamentos de posologia diária ou semanal, respectivamente. Por outro lado, a
American Society of Gastroenterology
recomenda que, entre diabéticos, os medicamentos podem ser mantidos, desde que adotada uma dieta líquida na véspera e um jejum de 8 horas. Na prescrição dedicada à obesidade, as recomendações das sociedades são concordantes na suspensão do fármaco;
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Antiagregantes plaquetários:
O AAS, quando empregado para profilaxia cardiovascular secundária, deve ser mantido. Diante da indicação de procedimentos de alto risco de sangramento, a dupla antiagregação devem ser transicionada para monoterapia com 5-7 dias de antecedência, após discussão prévia com o cardiologista assistente. O Ticagrelor, ao contrário dos tienopiridínicos (Clopidogrel, Prasugrel e Ticoplidina), pode ser interrompido, nos casos pertinentes, com uma antecedência menor (3-5 dias);
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Anticoagulantes:
O
s anticoagulantes de ação direta (DOACs) devem ser interrompidos um 1-2 dias antes de procedimentos de alto risco de sangramento (ex.: polipectomia de pólipos > 1 cm e mucosectomia) e doença renal crônica (TFGe < 50 mL/min). Em relação à Varfarina, a mesma deve ser interrompida 5 dias antes de procedimento com alto risco de sangramento, visando um RNI < 1,5 no dia do exame. Nas intervenções de baixo risco de sangramento, como biópsias, a EDA pode ser realizada na vigência de anticoagulação terapêutica.
Tratamento Farmacológico
1.
Se endoscopia para colocação de gastrostomia percutânea
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Cefazolina
(1.000 mg/frasco)
1 g EV dose única 30 minutos antes do procedimento.
Observação!
Se MRSA isolada, a descolonização com Clorexidina parece reduzir a incidência de infecções do sítio da gastrostomia.