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Eventos Adversos em Vacinação

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Qualquer ocorrência clínica indesejável em indivíduo após a vacinação, sem necessidade de relação causal com uso de vacina, imunoglobulinas ou soro heterólogo. Inclui qualquer situação indesejável ou não intencional como alteração laboratorial, sintoma ou doença.

Ao levarmos em consideração a natureza e as características dos imunobiológicos, há alguns eventos adversos que são esperados. Os mais comuns são febre, dor e edema local. No entanto, há também efeitos mais graves, como convulsões febris, episódio hipotônico-hiporresponsivo, choque anafilático, entre outros.

As vacinas virais vivas possuem excelente imunogenicidade, mas têm potencial de causar eventos adversos graves em pessoas com imunodeficiência grave.

Já as vacinas não vivas podem ser imunógenos potentes, mas o excesso de doses é capaz de gerar eventos adversos ligados à hiperimunidade.

É importante ressaltarmos dois tipos de eventos adversos.

    Eventos adversos decorrentes de depressão imunológica:
  • Em pacientes com deficiência imunológica primária ou secundária;
  • Grande risco com vacinas vivas (sarampo, caxumba e rubéola, varicela, poliomielite [vacina oral], tuberculose);
  • Em relação às vacinas não vivas (tríplice bacteriana, contra difteria, tétano e coqueluche), o risco é a pessoa continuar susceptível à doença, mesmo tendo recebido a vacina, já que a resposta imunológica pode não ter processado bem. Como as deficiências imunológicas têm graus variados de gravidade, justifica-se usá-la quando o risco da doença for maior do que o da vacina.
    Eventos adversos por reações de hipersensibilidade descritas por Gell e Coombs:
  • Reações de tipo I: Anafiláticas, mediadas por IgE e mais frequentes em indivíduos alérgicos. Pode ocorrer após qualquer vacina ou soro, principalmente os de origem não humana;
  • Reações de tipo II: Formação de anticorpos que se fixam a células do organismo, provocando destruição celular. Provavelmente destrói bainha de mielina dos nervos, ocasionando encefalomielite pós-infecciosa aguda ou síndrome de Guillain-Barré, como no caso de certas vacinas virais vivas ou após vacina antirrábica preparada em tecido nervoso;
  • Reações do tipo III: Formação de complexos imunes, que levam à vasculite e à necrose tecidual no sítio da aplicação (como no caso de excesso de doses de dT);
  • Reações do tipo IV: Hipersensibilidade tardia, envolvendo a imunidade celular, ativando linfócitos T citotóxicos, como ocorre na síndrome de Guillain-Barré e, provavelmente, também na encefalomielite pós-infecciosa aguda. Alguns indivíduos que apresentam reações locais, como as cutâneas relacionadas à neomicina e ao timerosal (conservantes de várias vacinas).

Podem ser divididos em eventos graves e não graves .

    Evento grave:
  • Hospitalização por, pelo menos, 24 horas;
  • Disfunção ou incapacidade significativa e/ou persistente (sequela);
  • Evento que resulte em anomalia congênita;
  • Risco de morte (necessidade de intervenção imediata para evitar o óbito);
  • Óbito.

Evento não grave: Qualquer evento que não preencha os critérios de gravidade.

Eventos relevantes clinicamente que não exijam internação, como convulsões febris, discrasias sanguíneas e crise convulsiva febril, devem ser acompanhados e investigados pelo potencial de gravidade.

    Alguns eventos são importantes para notificação:
  • Abscesso local frio;
  • Abscesso local quente;
  • Alteração do nível de consciência;
  • Ataxia;
  • Angioedema;
  • Apneia;
  • Artralgia/artrite;
  • Broncoespasmo/laringoespasmo;
  • Choque anafilático/anafilactoide;
  • Choro persistente;
  • Convulsão afebril;
  • Convulsão febril;
  • Doença do soro;
  • Doença viscerotrópica aguda após vacina contra febre amarela;
  • Encefalite;
  • Encefalomielite disseminada aguda (ADEM);
  • Encefalopatia aguda;
  • Episódio hipotônico-hiporresponsivo;
  • Exantema generalizado;
  • Febre — temperatura axilar ≥ 39ºC;
  • Invaginação intestinal;
  • Lesões localizadas decorrentes de vacinação com o BCG;
  • Lesões generalizadas decorrentes de disseminação do BCG (acometendo mais de um órgão);
  • Linfadenite não supurada > 3 cm;
  • Linfadenite supurada;
  • Meningite;
  • Mielite;
  • Neurite braquial;
  • Óbito (de causa definida ou não, cujos primeiros sintomas do quadro que levou ao óbito se iniciaram até 15 dias depois da aplicação de uma vacina — BCG pode levar um tempo maior);
  • Orquite;
  • Osteíte/osteomielite;
  • Outros eventos graves e/ou inusitados (especificar);
  • Outros eventos neurológicos graves;
  • Pólio pós-vacinal;
  • Polirradiculoneurite (SGB);
  • Púrpura sem contagem;
  • Púrpura não trombocitopênica;
  • Púrpura trombocitopênica;
  • Reação de Arthus;
  • Reações locais intensas;
  • Úlcera > 1 cm após BCG;
  • Urticária generalizada.
    Contraindicações:
  • Imunodeficiência congênita ou adquirida (crianças com HIV positivo sem sintomas podem ser vacinadas);
  • Pessoas acometidas de neoplasias malignas;
  • Em tratamento com corticosteroides em dose elevada (equivalente à Prednisona na dose de 2 mg/kg/dia ou mais, para crianças, ou de 20 mg/dia ou mais, para adultos, por mais de 2 semanas) ou submetidas a outras terapêuticas imunodepressoras (quimioterapia antineoplásica, radioterapia, etc.);
  • Recém-nascidos de mães que utilizaram durante os dois últimos trimestres da gestação drogas imunomoduladoras que atravessam a barreira placentária;
  • Pessoas com lesões de pele extensas no local de aplicação da vacina;
  • Grávidas.
    Precaução:
  • A vacina deverá ser adiada até 3 meses após o tratamento com imunodepressores ou com corticosteroides em dose elevada;
  • Adiar a vacinação quando o peso ao nascer for inferior a 2000 g;
  • Adiar a vacinação em pessoas com lesões de pele no local da aplicação, até que esteja resolvido.
    Evolução normal da lesão vacinal:
  • 1-2 a semana: Mácula avermelhada com enduração de 5 a 15 mm de diâmetro;
  • 3-4ª semana: Pústula que se forma com o amolecimento do centro da lesão, seguida pelo aparecimento de crosta;
  • 4-5ª semana: Úlcera com 4 a 10 mm de diâmetro;
  • 6-12ª semana: Cicatriz com 4 a 7 mm de diâmetro, encontrada em cerca de 95% dos vacinados.

Não se deve cobrir a úlcera ou colocar qualquer tipo de medicamento.

    Lesões locais e regionais mais frequentes (geralmente por técnica incorreta na aplicação da vacina):
  • Úlcera com diâmetro maior que 1 cm;
  • Abscesso subcutâneo frio;
  • Abscesso subcutâneo quente;
  • Granuloma;
  • Linfadenopatia regional supurada;
  • Linfadenopatia regional não supurada > 3 cm;
  • Cicatriz queloide;
  • Reação lupoide.
    Lesões resultantes de disseminação: Podem ser localizadas ou generalizadas e sua incidência é bastante rara. Deve-se investigar imunodeficiência na presença dessas lesões.
  • Lesões localizadas: Na pele: osteoarticulares; em linfonodos: em um único órgão;
  • Lesões generalizadas: Acometendo mais de um órgão.

Conduta nos Principais Eventos Adversos

    Lesões locais e regionais:
  • Úlcera com diâmetro maior que 1 cm: Notificar, investigar e acompanhar. No caso da não cicatrização: Isoniazida, na dose de 10 mg/kg/dia (dose máxima: 400 mg) até a regressão completa da lesão. Acompanhar por mais 3 meses após resolução da lesão. Garantir limpeza local e não usar pomadas, antibióticos ou antissépticos;
  • Abcessos subcutâ­neos frios: Notificar, investigar e acompanhar. Isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia (dose máxima: 400 mg/dia) até a regressão completa da lesão. Manter acompanhamento por mais 3 meses após resolução da lesão;
  • Abscessos subcutâneos quentes: Notificar, investigar e acompanhar. Indicar antimicrobiano sistêmico para processo infeccioso agudo, inespecífico de pele;
  • Granuloma: Notificar, investigar e acompanhar. Caso não cicatrize: Isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia (dose máxima: 400 mg/dia) até a regressão completa da lesão. Seguir com acompanhamento até 3 meses da suspensão da Isoniazida;
  • Linfadenopatia regional não supurada: Notificar e acompanhar. Orientar retorno, pois pode ocorrer supuração. Não puncionar e não administrar Isoniazida;
  • Linfadenopatia regional supurada: Notificar, investigar e acompanhar. Isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia (dose máxima: 400 mg/dia) até o desaparecimento da supuração e diminuição significativa do tamanho do gânglio. Esses gânglios não devem ser incisados; não fazer exérese. Seguir com acompanhamento até 3 meses da suspensão da Isoniazida;
  • Reação queloide: Conduta expectante. Se necessário, indicar avaliação com especialista;
  • Reação lupoide: Notificar, investigar e acompanhar. Esquema tríplice com: Isoniazida 10 mg/kg/dia; Rifampicina 10 mg/kg/dia; Etambutol 25 mg/kg/dia (durante 2 meses). Seguido de: Isoniazida 10 mg/kg/dia e Rifampicina 10 mg/kg/dia (durante 4 meses).
    Lesões resultantes de disseminação:
  • Pele: Notificar, investigar e acompanhar. Esquema tríplice com: Isoniazida 10 mg/kg/dia; Rifampicina 10 mg/kg/dia; Etambutol 25 mg/kg/dia (durante 2 meses). Seguido de: Isoniazida 10 mg/kg/dia; Rifampicina 10 mg/kg/dia (durante 4 meses);
  • Osteoarticulares: Notificar, investigar e acompanhar. Esquema tríplice com: Isoniazida 10 mg/kg/dia; Rifampicina 10 mg/kg/dia; Etambutol 25 mg/kg/dia (durante 2 meses). Seguido de: Isoniazida 10 mg/kg/dia; Rifampicina 10 mg/kg/dia (durante 4 meses);
  • Linfonodos e acometimento de um único órgão: Notificar, investigar e acompanhar. Esquema tríplice com: Isoniazida 10 mg/kg/dia; Rifampicina 10 mg/kg/dia; Etambutol 25 mg/kg/dia (durante 2 meses). Seguido de: Isoniazida 10 mg/kg/dia; Rifampicina 10 mg/kg/dia (durante 4 meses);
  • Lesões generalizadas acometendo mais de um órgão: Notificar, investigar e acompanhar. Esquema tríplice com: Isoniazida 10 mg/kg/dia; Rifampicina 10 mg/kg/dia; Etambutol 25 mg/kg/dia (durante 2 meses). Seguido de: Isoniazida 10 mg/kg/dia; Rifampicina 10 mg/kg/dia (durante 4 meses). Fazer esse esquema por no mínimo 6 meses.
    Contraindicações:
  • Anafilaxia prévia a qualquer componente da vacina contraindica o seu uso;
  • Púrpura trombocitopênica pós-vacinal.
    Precaução: Adiar vacinação na ocorrência de doenças agudas febris moderadas ou graves (não confundir manifestação da doença com eventos adversos).

Diante de manifestações locais de dor, rubor ou enduração muito intensas ou "surtos" ocorridos no 1º dia da vacinação, notificar e investigar. Fazer tratamento sintomático.

    Manifestações gerais:
  • Febre (1-6%) nas primeiras 24 horas após a vacinação (geralmente bem tolerada e autolimitada). Fadiga, tontura, cefaleia, irritabilidade, desconforto gastrointestinal leve (1-20%), podem estar presentes;
  • Conduta: tratamento sintomático. Avaliação do caso para afastar outros diagnósticos diferenciais. Não contraindica doses subsequentes.
    Púrpura trombocitopênica:
  • Conduta: avaliação especializada do caso para afastar outros diagnósticos diferenciais. Contraindica doses subsequentes.
    Reações de hipersensibilidade:
  • A anafilaxia (urticária, sibilos, laringoespasmo, edema dos lábios, hipotensão e choque) é imediata, ocorrendo habitualmente na primeira hora após a exposição ao alérgeno;
  • Conduta: tratamento adequado da reação anafilática. Contraindica doses subsequentes.
    Contraindicações:
  • Pentavalente: após 5 anos de idade;
  • DTP (inclusive acelular) e DT: após 7 anos de idade;
  • Após reações adversas graves (episódio hipotônico-hiporresponsivo nas primeiras 48 horas, convulsões nas primeiras 72 horas, reação anafilática nas primeiras 2 horas e encefalopatia aguda nos primeiros 7 dias) — contraindicação de doses subsequentes.
    Precauções:
  • Doenças agudas febris moderadas ou graves: recomenda-se adiar a vacinação até a resolução do quadro (não confundir manifestação da doença com eventos adversos);
  • Crianças com riscos importantes de hemorragias: utilizar via subcutânea, preferencialmente logo após a aplicação de fatores de coagulação ou concentrado de plaquetas (se estiverem indicados). Usar agulha de menor calibre possível e pressionar por 2 minutos;
  • Avaliar substituição por vacina com componente pertussis acelular em crianças com: convulsão febril ou afebril nas primeiras 72 horas após a vacinação; síndrome hipotônico-hiporresponsiva nas primeiras 48 horas após a vacinação; portadores de doenças neurológicas crônicas e cardiopatias ou pneumopatias graves, com risco de descompensação devido à febre; recém-nascidos prematuros extremos (< 31 semanas e/ou < 1000 g); recém-nascidos que permaneçam internados na unidade neonatal por ocasião da idade da vacinação;
  • Presença de encefalopatia após uma dose impede realização de doses subsequentes, mesmo da forma acelular.

Manifestações locais: As reações locais (vermelhidão, calor, endurecimento e edema, acompanhados ou não de dor, pouco intensos e restritos ao local da aplicação) são muito frequentes.

    Conduta para abscesso frio (estéril) ou quente (séptico):
  • Tratamento sintomático;
  • Utilização de compressas frias no local de aplicação para alívio da dor e/ou da inflamação;
  • Medicamentos analgésicos podem ser utilizados para alívio da dor;
  • Os abscessos devem ser submetidos à avaliação médica para conduta apropriada;
  • Não há contraindicação para administração de doses subsequentes;
  • Notificar e investigar todo abscesso.
    Conduta para febre (muito frequente, principalmente nas primeiras 24 horas):
  • Tratamento sintomático;
  • Não há contraindicação para administração de doses subsequentes;
  • Não se recomenda o uso de antitérmico profilático no momento, ou antes, da vacinação, pelo risco de redução da resposta vacinal, exceto nos casos de febre alta em doses anteriores;
  • Notificar e investigar os casos que tenham apresentado temperatura axilar ≥ 39 o C, nas primeiras 48 horas após a vacina;
  • Afastar outros diagnósticos diferenciais.
    Conduta para sonolência após qualquer dose do esquema (mais frequente nas primeiras 24 até 72 horas após a vacina):
  • Observar durante as 24 horas seguintes. Prognóstico bom;
  • Não há contraindicação para administração de doses subsequentes.
    Conduta para vômitos (evento frequente):
  • Evitar antieméticos que possam sedar;
  • Não há contraindicação para administração de doses subsequentes.
    Conduta para choro persistente (geralmente ocorre nas primeiras 24 horas e pode durar até 3 horas. O choro se apresenta de forma contínua e inconsolável):
  • Observar por 24 horas. Prognóstico bom;
  • Analgésico nos casos em que haja possibilidade de dor;
  • Não há contraindicação para administração de doses subsequentes.
    Episódio hipotônico-hiporresponsivo:
  • Forma súbita hipotonia, hiporresponsividade e cianose ou palidez nas primeiras 48 horas após a vacina. Ficar atento para situações que possam significar reação alérgica (dificuldade respiratória, urticária ou angioedema, especialmente de laringe);
  • Tem bom prognóstico, sendo transitório e autolimitado;
  • Notificar, investigar e fazer tratamento de suporte. Observar rigorosamente, até o desaparecimento completo dos sinais e sintomas;
  • Continuar esquema com DTP acelular.
    Crise convulsiva (até 72 horas da vacinação, geralmente nas primeiras 12 horas):
  • Notificar, investigar e tratar crise convulsiva;
  • Continuar vacinação com esquema de DTP acelular;
  • Investigar clinicamente e afastar diagnósticos diferenciais.
    Encefalopatia:
  • Notificar e investigar;
  • Tratamento com neurologista;
  • Contraindica as doses subsequentes de DTP ou DTPa. Completar o esquema com a DT (dupla infantil).
    Apneia:
  • Nas primeiras 48 horas da vacinação;
  • Notificar e investigar;
  • Fornecer suporte ventilatório, se necessário;
  • Vacinar prematuros extremos e com extremo baixo peso (< 31 semanas de gestação e/ou < 1000 g de peso ao nascimento) aos 2 meses de idade com vacina DTP acelular isolada, administrando-se também as vacinas Hib e Hepatite B. As doses subsequentes podem fazer a vacina penta de rotina.
    Contraindicações:
  • Anafilaxia a qualquer dos componentes da vacina, incluindo gelatina e Neomicina;
  • Imunodeficiência primária ou secundária em que há comprometimento grave do componente celular (células T);
  • Crianças e adolescentes vivendo com HIV não devem receber a vacina tetraviral, devido à falta de estudos. Administrar a vacina varicela e a tríplice viral separadamente;
  • Gestação.
    Precauções:
  • Doenças moderadas ou graves, com ou sem febre. Adiar para não atribuir à vacina sintomas da doença prévia;
  • Nutrizes podem ser vacinadas;
  • Crianças com história prévia ou familiar de convulsão devem ser imunizadas com as vacinas para varicela e tríplice viral separadamente;
  • Pessoas em uso de Ácido acetilsalicílico de forma crônica devem descontinuar o uso da medicação por 6 semanas após receber qualquer vacina com componente de varicela.
    Anafilaxia:
  • Tratar a anafilaxia;
  • Notificar e investigar;
  • Contraindicar revacinação.
    Meningite, herpes-zóster grave, encefalite, ataxia, eritema multiforme, síndrome de Stevens Johnson, pneumonia, trombocitopenia e síndrome de Guillain-Barré:
  • Notificar e investigar;
  • Contraindicar vacinação.

Manifestações no local de aplicação (dor, vermelhidão, vesículas, lesão maculopapular ou maculovesicular): Observar.

    Em caso de febre, exantema ou convulsão febril:
  • Tratá-las especificamente;
  • Notificar e investigar os quadros graves.

Vacina de Sarampo, Caxumba e Rubéola (tríplice viral)

    Contraindicações:
  • Anafilaxia à dose anterior;
  • Grávidas;
  • Pessoas com imunodeficiência congênita ou adquirida;
  • Infecção pelo HIV com imunossupressão grave: crianças e adolescentes (CD4 < 15%) e adultos (CD4 < 200 células/mm 3 );
  • Uso de corticoides em doses imunossupressoras (vacinar apenas após 1 mês da suspensão da medicação);
  • Quimioterapia neoplásica (vacinar apenas após 3 meses da suspensão);
  • Transplantados de medula óssea (vacinar apenas após 12-24 meses do transplante).
    Precauções:
  • Doenças agudas febris moderadas ou graves, adiar a vacinação para não atribuir à vacina as manifestações da doença;
  • Adiar a vacinação por 3-11 meses após uso de imunoglobulina, sangue ou derivados (consultar o CRIES).
    Eventos que devem ser notificados, investigados, acompanhados e contraindicam doses subsequentes:
  • Panencefalite esclerosante subaguda pós-vacinal;
  • Púrpura trombocitopênica;
  • Reação anafilática;
  • Meningite (associado ao componente da caxumba — entre o 15-21º dia pós-vacinal);
  • Encefalite (associado ao componente da caxumba e ao do sarampo — entre o 15-30º dia pós-vacinal).
    Eventos que devem ser notificados, investigados e acompanhados:
  • Ataxia, mielite transversa, neurite óptica, síndrome de Guillain-Barré e paralisia ocular motora (contraindicação de novas doses deve ser analisada caso a caso);
  • Artralgia e/ou artrite;
  • Parotidite, pancreatite, orquite e ooforite (não contraindica doses subsequentes);
  • Febre ≥ 39,5ºC com exantema associado;
  • Cefaleia, irritabilidade, febre baixa, conjuntivite e/ou manifestações catarrais;
  • Reações de hipersensibilidade (não contraindica doses subsequentes);
  • Exantema.

Vacina x Poliomielite 1, 2 e 3 (Inativada)

    Notificar, investigar e tratar:
  • Abscessos;
  • Febre;
  • Anafilaxia: contraindica dose subsequente;
  • Reações cutâneas: não contraindicam dose subsequente.

Vacina x Poliomielite (Atenuada) VOP

    Poliomielite associada ao vírus vacinal:
  • Doença aguda febril com déficit motor variável, geralmente assimétrico com sequela neurológica após 60 dias;
  • Tempo entre vacinação e evento: 4-40 dias para pessoa vacinada e 4-85 dias para comunicante de vacinado após a vacinação;
  • Notificar, investigar e fazer tratamento de suporte;
  • Seguir vacinação com vacina inativada;
  • Exames laboratoriais: análise do líquor, eletroneuromiografia e coletar uma amostra de fezes nos primeiros 14 dias do início da deficiência motora.

Contraindicações e precauções (VIP e VOP)

    Contraindicações:
  • História de alergia grave (anafilaxia) a doses anteriores, ou a algum componente delas;
  • Pessoas com imunodeficiência celular ou humoral, neoplasias, uso de drogas imunossupressoras e contactantes dessas pessoas (VOP);
  • História de pólio vacinal associada à dose anterior (VOP);
  • Gestantes.
    Precauções:
  • Doença aguda moderada ou grave: Adiar a dose da vacina para não confundir os sintomas da doença prévia com reações vacinais;
  • Diarreia e vômitos: Recomenda-se adiar a vacinação com a VOP.

Cefaleia, vômitos e diarreia: Observação ou tratamento medicamentoso.

    Notificar, investigar e tratar:
  • Manifestações locais muito intensas (de dor, edema e eritema) ou "surtos": não contraindicam dose subsequente;
  • Manifestações sistêmicas (febre, sonolência, hiporexia) ou "surtos": não contraindicam dose subsequente;
  • Manifestações neurológicas (convulsões, síncope): síncope não contraindica dose subsequente; convulsão dependerá do quadro — avaliar caso a caso;
  • Anafilaxia: contraindica dose subsequente.
    Contraindicações:
  • Hipersensibilidade a qualquer dos componentes da vacina.
    Precauções:
  • Cautela em pacientes com distúrbios de coagulação ou trombocitopenia;
  • Adiar em doenças agudas febris moderadas ou graves para não confundir com efeitos adversos da vacina;
  • Gestantes (ACWY pode ser realizada dependendo da situação epidemiológica);
  • Risco potencial de apneia e necessidade de monitorização respiratória por 48-72 horas quando se faz a primeira dose em lactentes nascidos com ≤ 28 semanas de idade gestacional. Apesar disso, a vacinação não deve ser suspensa ou adiada.
    Febre, mialgia e/ou cefaleia leve:
  • Tratamento sintomático;
  • Não contraindica dose subsequente.
    Notificar, investigar e tratar:
  • Abscesso quente e manifestações locais muito extensas (dor local, eritema ou enduração) com limitação de movimento, e "surtos";
  • Anafilaxia: contraindica dose subsequente;
  • Síndrome de Guillain-Barré, encefalomielite difusa aguda (ADEM), neurite óptica (1 dia até 6 semanas após vacinação): avaliar risco-benefício da revacinação.
    Contraindicações:
  • Menores de 6 meses;
  • História de anafilaxia com doses anteriores.
    Precauções:
  • Adiar, nos casos de doenças agudas febris moderadas ou graves, para não atribuir à vacina os sintomas das doenças;
  • História de anafilaxia a ovo não contraindica a vacina, mas deve ser realizada em ambiente hospitalar que possa tratar anafilaxia. Se a história de alergia for urticária, não é necessária nenhuma medida diferente do habitual;
  • Se houver desenvolvimento de síndrome de Guillain-Barré até 30 dias após a dose anterior, avaliar criteriosamente sobre risco e benefício de dose subsequente.
    Notificar, investigar e tratar:
  • Manifestações locais muito intensas (dor no local da aplicação, eritema ou edema);
  • Febre, cefaleia — notificar e investigar reações muito intensas ou "surtos";
  • Síncope;
  • Anafilaxia: contraindica dose subsequente.
    Contraindicações:
  • Após reação de hipersensibilidade à vacinação prévia;
  • História de hipersensibilidade à levedura;
  • Gestantes.
    Precauções:
  • Cuidado em pessoas com distúrbios de coagulação e trombocitopenia;
  • Adiar a vacinação em doenças febris agudas moderadas a graves;
  • Sem evidência de uso durante a lactação;
  • Se houver desenvolvimento de síndrome de Guillain-Barré até 6 semanas após a dose anterior, avaliar criteriosamente sobre risco e benefício de dose subsequente.
    Notificar, investigar e tratar:
  • Abscessos, lesões extensas ou com limitação de movimentos — não contraindica vacinação;
  • Aglomerados de casos de pessoas com febre, mialgia e cefaleia pós-vacinal — não contraindica vacinação;
  • Anafilaxia — contraindica vacinação;
  • Doença neurológica associada a vacina de febre amarela (febre, cefaleia, confusão mental, letargia, convulsões, ataxia, afasia, paresia e sinais meníngeos) ocorre 1-30 dias pós-vacinais. Fazer diagnóstico diferencial com outras doenças — contraindica vacinação;
  • Doença viscerotrópica associada a vacina de febre amarela (síndrome ictero-hemorrágica, que ocorre de 1-18 dias da vacinação). Coletar urgentemente sangue para análise — contraindica vacinação.
    Contraindicações:
  • Menores de 6 meses de idade;
  • Imunossupressão, incluindo drogas imunossupressoras ou medicamentos modificadores da resposta imune;
  • Menores de 13 anos vivendo com HIV com imunossupressão grave;
  • Adultos vivendo com HIV com CD4 < 200 células/mm 3 ;
  • Transplante de órgãos sólidos;
  • Neoplasia maligna;
  • História de reação anafilática comprovada e relacionada como reação a qualquer componente da vacina;
  • História pregressa de doenças do timo;
  • Anemia falciforme em uso de hidroxiureia e contagem de neutrófilos < 1500 células/mm 3 .
    Precauções:
  • Adiar na presença de doenças agudas febris, moderadas ou graves, para não atribuir à vacina as manifestações da doença;
  • Menores de 13 anos vivendo com HIV, assintomáticas e sem alterações imunológicas, a vacina está indicada. Para menores de 13 anos vivendo com HIV, assintomáticas e com alteração imunológica moderada, oferecer a vacinação;
  • Adolescentes e adultos vivendo com HIV, com CD4 > 350 células/mm 3 (≥ 20% de linfócitos), indicar a vacinação. De 200-350 células/mm 3 (15-19% de linfócitos), oferecer a vacinação, avaliando parâmetros clínicos e risco epidemiológico;
  • Gestantes devem avaliar a vacinação caso a caso na vigência de surtos;
  • Evitar a vacinação em nutrizes ou lactantes amamentando crianças abaixo de 6 meses. Se for necessária a vacinação, a amamentação deve ser suspensa (oferecer leite congelado de ordenha prévia a vacinação ou de banco de leite, por 28 dias após vacinação — 10 dias, no mínimo);
  • Cuidado com primovacinação em indivíduos acima de 60 anos e crianças de 6-8 meses de idade — avaliar situação epidemiológica;
  • Avaliar, caso a caso, a vacinação em portadores de doenças autoimunes, doença neurológica de caráter desmielinizante, transplante de células tronco hematopoiéticas (vacinar após 24 meses do transplante), história de evento adverso prévio em familiares próximos;
  • História de manifestações alérgicas (exantema, urticária, broncoespasmo) devem realizar a vacinação sob observação em unidade de saúde com condições de atendimento de urgência.
    Observe e trate sintomaticamente:
  • Sinais inflamatórios locais;
  • Fadiga, febre, diarreia e vômitos.
    Contraindica dose subsequente:
  • Anafilaxia.
    Precauções:
  • Não há estudos suficientes para uso em gestantes.
    Anafilaxia:
  • Deve sempre ser tratada, notificada e investigada;
  • Contraindica dose subsequente da vacina.
    Manifestações locais graves, abscessos e surtos:
  • Devem ser tratados sintomaticamente e notificado.
    Contraindicações:
  • Hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da vacina (incluindo o Toxoide diftérico);
  • Maiores de anos de idade (pneumo 10).
    Precauções:
  • Deve-se ter cuidado na administração em pacientes com discrasias sanguíneas ou trombocitopenia, devido ao uso intramuscular;
  • Adiar na presença de doenças febris agudas moderadas ou graves, para não confundir comas reações adversas da doença;
  • Não há estudos suficientes para o uso em gestantes (pneumo 13);
  • Evitar doses subsequentes da pneumo 23 em pessoas vacinadas há menos de 3 anos, pelo risco de desenvolvimento de reações locais ou sistêmicas;
  • Respeitar intervalo de 8 semanas entre uso anterior das outras vacinas pneumocócicas com a pneumo 23.

Pneumocócica Conjugada 10-Valente

    Notificar, investigar e tratar sintomaticamente:
  • Crise convulsiva febril ou afebril (até 72 horas);
  • Episódio hipotônico-hiporresponsivo (até 48 horas);
  • Febre ≥ 39ºC, irritabilidade, perda de apetite e sonolência no 1º dia da vacinação;
  • Manifestações locais graves (edema, dor, enduração e rubor) no 1º dia de vacinação ou surtos desses sintomas.

Pneumocócica Conjugada 13-Valente

    Notificar, investigar e tratar sintomaticamente:
  • Febre ≥ 39ºC, irritabilidade, perda de apetite, diarreia, vômitos e sonolência nos primeiros 2 dias da vacinação;
  • Manifestações locais graves (edema, dor, enduração e rubor) no 1º dia de vacinação ou surtos desses sintomas.

Pneumocócica Polissacarídica 23-Valente

    Notificar, investigar e tratar sintomaticamente:
  • Febre, mialgia, artralgia, cefaleia e astenia no 1º dia;
  • Manifestações locais graves (edema, dor, enduração e rubor) no 1º dia de vacinação ou surtos desses sintomas.
    Contraindicações:
  • Imunodeficiência combinada grave, primária ou adquirida;
  • Uso de medicamentos imunossupressores, incluindo corticoide na dose imunossupressora;
  • Crianças com história de doenças gastrointestinais crônicas, malfomações congênitas do trato gastrointestinal ou história prévia de invaginação intestinal;
  • Crianças fora do período previsto de vacinação (primeira dose entre 1 mês e 15 dias a 3 meses e 15 dias, e segunda dose entre 3 meses e 15 dias e 7 meses a 29 dias);
  • Anafilaxia a algum dos componentes da vacina (incluindo ao látex para vacina monovalente) ou à dose prévia dessa vacina.
    Precauções:
  • Adiar em quadros febris moderados a graves;
  • Crianças expostas ao HIV podem ser vacinadas, desde que não sejam observados sinais de imunodepressão;
  • Crianças que convivem com pessoas com imunossupressão podem realizar a vacinação;
  • Prematuros devem realizar a administração da vacina conforme idade cronológica, desde que não estejam hospitalizadas;
  • Adiar a vacinação em quadros de gastroenterite aguda e vômitos (diarreia leve sem desidratação pode vacinar);
  • Não revacinar se a criança cuspir ou regurgitar a vacina;
  • Usar preferencialmente a mesma vacina para a primeira e a segunda dose.
    Notificar, tratar e investigar:
  • Manifestações sistêmicas (febre, diarreia ou vômitos) — não contraindica dose subsequente;
  • Invaginação intestinal — contraindica dose subsequente;
  • Sangue nas fezes — avaliar outras etiologias. Se for em pequena quantidade ou raias de sangue, não contraindica doses subsequentes.

Autoria principal: Ana Carolina Pomodoro (Pediatria pela UFF e SBP).

    Revisão:
  • Dolores Silva (Pediatria pela UERJ);
  • Renata Carneiro da Cruz (Pediatria pela UERJ e SBP);
  • Marcelo Gobbo Jr. (Medicina de Família e Comunidade).
    Equipe adjunta:
  • Gabriela Guimarães Moreira Balbi (Pediatria pela UFPR e Reumatologia Infantil pela UNIFESP);
  • Jéssica Borba Coutinho (Médica de Família e Comunidade e Paliativista);
  • Philipp Oliveira (Medicina de Família e Comunidade);
  • Renato Bergallo (Medicina de Família e Comunidade);
  • Fabiana Barreto Goulart Déléage (Pediatria pela SMS/RJ e Medicina de Adolescentes pela UERJ);
  • Maria Eduarda B. Cruxen (Pediatria pela UFCSPA);
  • Vanessa Nascimento (Cirurgia Pediátrica Geral pelo IFF/FIOCRUZ e Oncológica pelo INCA).

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação. 4a ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2020.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Vigilância dos eventos adversos pós-vacinação: cartilha para trabalhadores de sala de vacinação. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.